No Peru, Manuel Merino renuncia seis dias após assumir

Tratado como “usurpador” pelos manifestantes, que tomaram as ruas do país, Merino entregou o cargo em rápida mensagem pela televisão, no domingo à noite, 15. Ele assumiu a presidência na terça-feira, 10, após a deposição do presidente Martín Vizcarra pelo Congresso Nacional. A legalidade da decisão foi amplamente questionada e disparou manifestações que resultaram em duas mortes

Ernesto Benavides

Manifestações no Peru

Apenas seis dias após ter sido entronado presidente por meio de um golpe parlamentar, o empresário Manuel Merino renunciou neste domingo, depois de massivas manifestações populares. O assassinato de dois jovens manifestantes no sábado à noite tornaram a sua permanência insustentável, apressando o fim do curto mandato. Diante das maiores manifestações populares dos últimos anos, aliados no Congresso, incluindo líderes da extrema-direita, retiraram o apoio ao fugaz presidente,

Tratado como “usurpador” pelos manifestantes, Merino entregou o cargo em rápida mensagem pela televisão, no domingo à noite, 15. Ele assumiu a presidência na terça-feira, 10, após a deposição do presidente Martín Vizcarra, acusado de “incapacidade moral permanente”. A legalidade da votação do Congresso Nacional peruano foi amplamente questionada e disparou intensas manifestações em todo o país. No final de semana, os novos ministros empossados por Merino na quinta-feira, 12, pediram demissão em massa.

No final de semana, Peru viveu as maiores manifestações dos últimos anos. Foto: EPA

Explosão popular

A exemplo do que vem ocorrendo em outros países latinos, a insatisfação popular explodiu nas ruas do país, com grande participação de trabalhadores e da juventude. Em Lima, as manifestações tiveram início nos bairros populares e rapidamente ganharam o centro da capital. Inicialmente, o governo tentou ignorar as ações repressivas, imediatamente denunciadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e pela Anistia Internacional. Além das duas mortes, centenas de manifestantes foram presos, com alguns ainda desaparecidos.

A presidência do país continua vaga, novamente por responsabilidade dos congressistas, que prolongam a crise criada por eles próprios. Em sessão do Congresso, 77 dos 130 parlamentares boicotaram a indicação da candidata única e de consenso a sucessão Rocío Silva Santisteban, da Frente Ampla, de esquerda. Silva Santisteban, de 57 anos, é poeta, jornalista, professora universitária e ativista dos direitos humanos e das mulheres. Junto a mais sete membros da bancada da Frente Ampla, ela votou contra a destituição de Vizcarra e da indicação de Merino.

Da Redação com Página 12

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