Noam Chomsky: Dilma está sendo impedida por “gangue de ladrões”
Para linguista e ativista norte-americano, elite brasileira ‘está aproveitando para se livrar do partido que venceu eleições’ e fala em “golpe brando”
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Em entrevista à emissora norte-americana Democracy Now!, o linguista norte-americano e professor emérito do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) Noam Chomsky afirmou, nesta terça-feira (17), que “uma gangue de ladrões” está tentando destituir a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, orquestrando “um golpe brando” no país.
O escritor, que é um dos mais respeitados analistas políticos do mundo, avalia que uma das causas do golpe é que os derrotados nas últimas eleições procuram chegar ao poder de outra forma. “A elite detestava o Partido dos Trabalhadores e está usando essa oportunidade para se livrar do partido que venceu as eleições. Eles não estão esperando pelas eleições, em que provavelmente perderiam, mas querem se livrar do PT, explorando uma recessão econômica, que é séria, e a corrupção massiva que foi exposta”, disse.
Chomsky afirmou, lembrando que inclusive o The New York Times ressaltou essa informação, que Dilma Rousseff “talvez seja a única política que não roubou para se beneficiar. Ela está sendo acusada de manipulações no orçamento, que são práticas comuns em muitos países, tirar de um bolso para colocar em outro. Talvez seja uma prática ruim de alguma maneira, mas certamente não justifica impeachment.”
E avaliou: “Nós temos uma líder política que não roubou para enriquecer a si mesma, que está sendo acusada por uma gangue de ladrões, que o fizeram. Isso conta como um tipo de golpe brando. Eu acho que é isso mesmo”, respondendo à pergunta se o que está ocorrendo na política brasileira pode ser classificado como “golpe de Estado”.
Falando sobre América Latina, o linguista pontuou que nos últimos “10 ou 15 anos” a região se libertou do domínio estrangeiro, notadamente dos Estados Unidos. “É um desenvolvimento dramático nas relações mundiais, é a primeira vez em 500 anos”, disse. E afirmou ainda que, no passado, os EUA tinham mais capacidade para isso, mas ainda tentam derrubar governos no continente, citando os golpes e as tentativas de golpe na Venezuela em 2002, no Haiti em 2004, em Honduras em 2009 e no Paraguai em 2012.
Assista abaixo a entrevista legendada:
Desde a último dia 12 de maio, data em que terminou a votação no Senado que aprovou a admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o governo interino do golpe de Michel Temer, o assunto foi destaque das páginas dos principais veículos de todo o mundo, sempre de maneira negativa.
Da Redação da Agência PT de Notícias