Nota da Andifes sobre perseguição na UFSC
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior critica atuação da Polícia Federal contra professor da UFSC
Publicado em
O professor de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Aureo Mafra de Moraes, chefe de gabinete da reitoria, é alvo de inquérito por suposto “atentado contra a honra” da delegada Erika Mialik Marena, após entrevistas que concedeu à TV universitária.
O vídeo que levou a PF a abrir o inquérito contra o professor tem menos de três minutos e mostra os festejos pelo aniversário de 57 anos da universidade, além de registrar “manifestações em defesa da universidade pública” e homenagens ao ex-reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo.
O PT publicou nota onde repudia mais essa arbitrariedade e humilhação. “Defendemos os direitos constitucionais e a obrigação da PF respeita-los”.
Frente a esse evidente caso de perseguição política, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior publicou nota onde critica a atuação da Polícia Federal. Confira abaixo:
Nota pública: Universidade é lugar de conhecimento e liberdade
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) manifesta sua indignação com as ações desencadeadas por agentes que afrontam a Universidade Pública Brasileira e o Estado Democrático de Direito. Uma vez mais, presenciamos a Universidade Federal sendo vítima do arbítrio e da censura.
Nesta sexta-feira, 27 de julho, a imprensa nacional revelou que a Polícia Federal de Santa Catarina instaurou inquérito contra o professor Áureo Mafra de Moraes, chefe de gabinete da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O professor foi intimado, no mês passado, por ter participado de ato público pelo 57º aniversário da UFSC, ocasião em que lamentou a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que se suicidou em outubro de 2017, após ser preso sem acusação justificada, sendo submetido a humilhações descabidas.
A intimação do professor Áureo Mafra de Moraes, e a determinação para que faça comunicação em caso de eventual mudança de endereço, bem como a tentava de proibir manifestações da comunidade universitária, constitui lamentável retrocesso para a democracia brasileira. A abertura de inquérito policial contra o professor Áureo de Moraes agride, assim, a universidade e a democracia. Infelizmente, é mais uma demonstração de repetidos abusos e desrespeito à lei que temos vivenciado e que lamentavelmente nos remete à Ditadura, período em que, é bom lembrar, o arbítrio e o abuso de autoridade eram práticas correntes e justificadas com argumentos estapafúrdios. A autonomia universitária, resguardada pela Constituição Federal, tem sido desprezada, e aqueles que deveriam fazer cumprir a lei e garantir os direitos expressos na carta magna brasileira, lançam mão de artifícios para intimidar, cercear e tentar impor um regime ao qual a Universidade não irá jamais se curvar.
A Andifes, as reitoras e os reitores das Universidades Federais solidarizam-se com a comunidade da Universidade Federal de Santa Catarina, com seus gestores, ex-reitores e com seus servidores, reiterando o direito constitucional às manifestações pacíficas, que não podem ser criminalizadas, pois se constituem em conquista essencial da vida democrática. As manifestações promovidas pela comunidade universitária da UFSC e pela sociedade são legítimas e democráticas. São vozes cidadãs que pedem justiça e que justamente rechaçam as ameaças à Universidade Pública. Ao mesmo tempo, conclamamos toda a sociedade a reagir às violências repetidamente praticadas por órgãos e indivíduos que têm por obrigação respeitar a lei e o Estado Democrático de Direito. As Universidades Federais são patrimônio da sociedade brasileira e não cessará a sua luta contra o obscurantismo no Brasil.
Brasília, 29 de julho de 2018.
Por redação da Agência PT de notícias