O último desejo do Vavá era se despedir de Lula, revela Mercadante

Acompanhado de Rui Falcão, ex-ministro concedeu entrevista na tarde desta quinta (31) logo após visitar o ex-presidente. Data marca os 300 dias da prisão política de Lula

Ricardo Stuckert

Vigília Lula Livre completa 300 dias de resistência

A crueldade com a qual a Justiça atropelou o que manda a lei para impedir Lula de se despedir do irmão Vavá ainda tem causado espanto e indignação, sobretudo na militância que há 300 dias permanece em resistência em frente à Polícia Federal de Curitiba. Mas, apesar da dor e da humilhação pela qual foi submetido, o ex-presidente fez questão de agradecer ao apoio de todos e pediu para que a imagem do primogênito da família seja sempre lembrada como símbolo de luta.

“Vavá esteve presente em todas as nossas lutas e sofreu muito nos últimos anos. Mesmo assim, ele queria ver o Lula. Foi um dos últimos pedidos dele”, revelou Aloizio Mercadante. Ao lado do ex-presidente do partido e deputado federal Rui Falcão, o ex-ministro falou com os militantes da Vigília Lula Livre nesta quinta-feira (31) logo após visitar Lula.

Ele também revelou aos presentes um pouco mais da relação que Lula cultivava com o irmão. “Hoje não é um dia qualquer para o presidente Lula. Eu o conheço há uns 45 anos. E conheci ao longo desta trajetória o Vavá. Ele era aquele que ajudava, companheiro, que botava ordem na casa. Imagina a confusão que deveria ser ter o Lula pequeno em casa com essa rebeldia que ele carrega desde sempre”, contou Mercadante.

O ex-ministro tentou ainda encontrar motivos para tamanha parcialidade da Justiça e as razões para que a campanha difamatória contra Lula siga em andamento mesmo após a sua prisão política: “Lula só fez bem pelo Brasil. Fez o país ser a sexta maior economia do mundo, criou 20 milhões de empregos com carteira assinada, colocou mais jovens na universidade que qualquer outro presidente, resolveu problemas que ninguém se dispôs a resolver como a transposição do rio São Francisco e o Bolsa família virou exemplo para o mundo. Como que um homem como este não pode visitar um irmão em seu momento final?”.

Para Rui Falcão, a perseguição implacável tem um motivo ainda maior. “Se tem uma coisa que eles têm interesse, mas não vão conseguir nem com a prisão política do Lula, é destruir o PT. Só que a nossa militância resiste. E a Vigília, com a resistência de vocês, é uma demonstração clara da nossa força”, apontou.

O ex-presidente do PT mencionou em seguida o difícil momento vivido pelo país desde a chegada do governo autoritário ao poder. “O que aconteceu nesta quarta com a proibição de Lula se despedir do irmão é um exemplo de tudo o que temos visto. Basta lembrar da lamentável ida de Bolsonaro a Davos, as bobagens que ele têm feito, a questão das milícias, o envolvimento do filho com corrupção… Cada fato novo vai mostrando à população o país em que estamos vivendo e mostrando a importância de lutar por mudança”.

Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias

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