Ocupado em 1991, bairro de Santa Marta se estruturou com o PAC
Nova Santa Marta, ponto de parada de Lula pelo Brasil, é uma histórica do movimento por moradia no RS, e só recebeu a atenção devida graças ao PT
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Quem passa pelas ruas asfaltadas e bem iluminadas do bairro Nova Santa Marta, em Santa Maria (RS), dificilmente imagina que a história do lugar começou há pouco menos de 30 anos, mais especificamente no dia 7 de dezembro de 1991, quando ocorreu a ocupação na área.
O Movimento Nacional de Luta por Moradia, articulado com projetos sociais da Paróquia São João Evangelista, da comunidade católica, se organizaram para dar vida a um terreno que havia sido parte de uma grande fazenda, foi desapropriado e passou para a Companhia de Habitação do Estado (CoHab), mas estava sem uso há anos.
Os primeiros moradores chegaram ainda na madrugada do dia 7 e, pela manhã, alguns barracos já estavam de pé, dando início ao que se tornaria um bairro. Bairro este que, nesta terça-feira (20), receberá um ato público com o ex-presidente Lula como parte da quarta etapa de Lula pelo Brasil.
Neste mês de março, Lula percorre os estados do Sul do país para revisitar seu legado e, dialogando com a população local, entender sua realidade e as necessidades específicas de cada região para a construção de um país de fato pensado para todas e todos.
Sobre os primeiros momentos do Santa Marta, Elisabete Pinheiro, Elisabete Pinheiro, moradora do bairro desde 1992, mas que colaborou desde o início da mobilização, lembra das dificuldades que tiveram de ser superadas. “O administrador do município na época, assim que tomou conhecimento, foi severamente fazer a desocupação das famílias.”
Solidários, moradores de outras áreas da cidade colaboravam com mantimentos, mas a prefeitura tentava impedir a sua chegada. Em uma vila vizinha, a administração municipal chegou a fazer valas para impedir a chegada de carros com material de construção.
“O prefeito não admitia que a gente ocupasse a área, colocou a brigada militar e vários empecilhos para que nada chegasse às famílias daqui”, relembra.
Ela conta que uma das maneiras de burlar os impedimentos era amarrar os mantimentos, principalmente pães e biscoitos, em panos de prato e arremessar por cima da Brigada Militar
“Hoje a gente tem orgulho de contar essa história, porque a gente sobreviveu a tudo isso. Muitos pais de família chegaram a ser demitidos por participar da ocupação. Nada disso foi empecilho para desistir da luta.”
Já em 1994, a ocupação somava mais de 1.800 famílias, mas por muito tempo o bairro permaneceu em situação precária, sem ser reconhecido pelo poder público. Ou seja, sem acesso a direitos e condições básicas, como asfalto, iluminação ou transporte público.
Com o governo de Olívio Dutra (PT-RS), as melhorias começaram, como a abertura da primeira escola pública, além da chegada da água, no final de 2002, e da energia elétrica, em 2003.
Porém, foi em 2007, com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo Lula, que a comunidade passou a ter cara de bairro efetivamente integrado ao resto da cidade.
As obras do PAC previam o investimento de R$ 42 milhões, aplicados na pavimentação de vias, iluminação pública, construção de postos de saúde, entre outras melhorias.
Também foi no ano de 2007 que o bairro Nova Santa Marta entrou oficialmente no mapa da cidade, quando a escritura dos terrenos foi passada do governo do estado para a prefeitura.
“Entre tantas histórias, a que mais me marcou foi quando a gente teve a presença do presidente Lula e quando a gente teve a presença da presidenta Dilma, porque foi quando a gente se sentiu gente”, relembra Elisabete.
“Foi pela primeira vez que uma mulher pobre e trabalhadora conseguiu chegar perto de uma autoridade. Para muita pessoas isso é impossível. Essa possibilidade a gente só tem em pessoas que pensam nos projetos de vida, na igualdade social, em políticas públicas na saúde e educação, que pensam nas nossas famílias”, acrescentou.
“Eu clamo para o nosso povo que a gente precisa trazer o nosso presidente Lula de volta, a prova é a Santa Marta. O retrocesso que a gente está vivendo, um monte de políticas públicas que engrandeceram a qualidade de vida das nossas famílias, hoje elas estão voltando para trás. O maior exemplo é que tenho duas filhas na faculdade, como filhas de pobre, pelas cotas, e isso a gente sabe que não vai ter mais, logo ali.”, afirma, orgulhosa.
Lula pelo Brasil
A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos estados do Sul do país, em março, é a quarta etapa de um projeto que deve alcançar todas as regiões do país nos meses seguintes. No segundo semestre de 2017, Lula percorreu todos os estados do nordeste, o norte de Minas Gerais, o Espírito Santo e o Rio de Janeiro.
O projeto Lula Pelo Brasil é uma iniciativa do PT com o objetivo de perscrutar a realidade brasileira, no contexto das grandes transformações pelas quais o país passou nos governos do PT e o deliberado desmonte dos programas e políticas públicas de desenvolvimento e inclusão social, que vem sendo operado pelo governo golpista.
Por Pedro Sibahi, da Redação da Agência PT de notícias, enviado especial ao RS