Ódio bolsonarista: violência política dispara no país, aponta estudo

Observatório da Violência Política e Eleitoral detecta aumento de 23% no número de casos como o assassinato de Marcelo Arruda no primeiro semestre de 2022, em comparação com pleito de 2020

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"Queremos, com esta pesquisa, identificar esses mecanismos para poder construir políticas efetivas de prevenção e enfrentamento", diz a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves

O brutal assassinato do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, ocorrido no último sábado (9), em Foz do Iguaçu, não é um fato isolado de violência política. O crime cometido por um bolsonarista ensandecido reflete uma perigosa escalada do radicalismo e do clima de  intolerância estimulados por Jair Bolsonaro. É o que demonstra o Observatório da Violência Política e Eleitoral, que é integrado por pesquisadores do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).

De acordo com o Observatório, o número de casos de violência neste primeiro semestre superou os registrados no mesmo período das eleições municipais de 2020. Já são 214 casos ante 174 há dois anos, um aumento de 23%.

De acordo com os critérios do Observatório, são levados em conta pessoas que têm ou já tiveram cargos eletivos, bem como candidatos, pré-candidatos, ex-candidatos e ocupantes de funções em cargos públicos, como ministros, assessores e secretários.

Já a violência política é caracterizada por ameaças, agressões, homicídio, atentado, homicídio de familiar, sequestro e sequestro de familiar.

Considerado apenas o primeiro trimestre deste ano, em comparação aos primeiros três meses de 2020, o aumento foi ainda maior, 28% a mais do que no mesmo período das eleições municipais.

Segundo o estudo, a violência mais frequente foi ameaça, com um registro de 37 ocorrências (36,6%). Logo atrás, foram identificados casos de agressão, com 27 casos (26,7%) e homicídios, com 19 casos (18,8%).

Bolsonaro estimula a violência

“Caso se repita o que foi observado na eleição municipal, a grande escalada de violência começa agora”, alertou o coordenador do Giel e cientista político Felipe Borba, em depoimento à Folha de S. Paulo. Para ele, não há dúvida de que o estímulo à violência por parte de políticos como Bolsonaro tem relação direta com o aumento dos casos.

“As eleições brasileiras sempre foram polarizadas, mas nunca houve pelos candidatos estímulo a violência, falar em metralhar”, disse, em referência direta a um discurso de Bolsonaro em 2018, no qual falava em “metralhar a petralhada aqui no Acre”.

A julgar pela análise dos dados das últimas eleições, o quadro é preocupante. O Observatório aponta que, em 2020, os casos de violência política cresceram 44% do segundo trimestre para o terceiro. Entre o terceiro e o quarto trimestre, alta foi ainda maior, de 93,5%.

A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu à tentativa do vice-presidente Hamilton Mourão de minimizar a gravidade do crime contra o petista. “Desaforo de Mourão reduzir a morte de Marcelo a uma briga de bar”, denunciou Gleisi, pelo Twitter. “Pelo amor de Deus, invadiram a festa dele só para matá-lo. Isso é crime de ódio. Não venha com essa de uso político, é violência política sim”, advertiu Gleisi.

O covarde assassinato de Marcelo, resultado direto da violência bolsonarista, também voltou a ser lembrado pelo ex-presidente Lula, nesta terça-feira (12). “O Bolsonaro faz um discurso violento, cheio de bravata, bem típico de um covarde, que tenta estimular a violência no país, inclusive, tivemos essa tragédia em Foz do Iguaçu”, afirmou Lula, em entrevista ao Correio Braziliense.

Da Redação, com informações de Folha e Correio Braziliense

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