Oposição anuncia “obstrução” na Câmara até saída de Temer

Segundo líder da Minoria da Câmara, José Guimarães (PT), não há legitimidade para votar MP como a recente denúncia contra o golpista.

Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

“Vamos fazer obstrução. O acordo é de não votarmos nenhuma matéria enquanto Temer não sair", explicou deputado José Guimarães

A Câmara dos Deputados não pode votar matérias e Medidas Provisórias enquanto o usurpador Michel Temer continuar na Presidência da República, em razão das denúncias apresentadas pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Essa foi a principal resolução política dos líderes da oposição, que reúne o PT, PCdoB e PDT, anunciada nesta terça-feira (27) em coletiva à imprensa.

Na noite desta segunda-feira (26), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente golpista e ilegítimo Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de corrupção passiva. A acusação foi feita com base nas gravações feitas por Joesley Batista, um dos donos da JBS.

Para o líder da minoria da Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o agravamento da crise política que o Brasil está vivendo, e suas consequências para a democracia e a economia, determinaram essa decisão.

“Vamos fazer obstrução, dentro das nossas limitações. O acordo dentro dos partidos aqui é de não votarmos nenhuma matéria enquanto Temer não sair. Votar Medidas Provisórias como se nada estivesse acontecendo no País, isso nós não aceitamos”, afirmou.

Na sua avaliação, é preciso mostrar que não há clima de normalidade no País.

“Isso não é normal. O que está acontecendo com o País é muito grave. Mais grave ainda quando o presidente, em entrevista coletiva, dizer que por cima de pau e pedra fica no cargo”, completou.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), destacou que a denúncia da PGR contra Temer é a primeira denúncia de natureza penal conta um presidente da República.

“Ao chegar nessa Casa, a denúncia precisa ser imediatamente posta de discussão, em votação, e o plenário deva aceitar a denúncia. A Câmara tem essa obrigação para não cometer um escárnio contra a nação brasileira”.

“Permanência de Temer denunciado pela PGR significa votar a reformas sem legitimidade”, critica Alice Portugal

Portugal ainda defende que a votação na Câmara aconteça de forma aberta, em um domingo, “com todos os meios de comunicação transmitindo de maneira direta, para que a população possa conferir como vota seu deputado”.

“A permanência de Temer sem legitimidade e denunciado pelo procurador-geral da República significa votar a reforma da Previdência sem legitimidade para tal, fazer com que a reforma trabalhista chegue ao seu final em legitimidade para tal”, ressaltou.

Para o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o pronunciamento de Temer, feito após a denúncia da PGR, não esclareceu as acusações.

“E mais do que isso, lançou uma ilação contra o procurador-geral da República, que era fundamental que fosse esclarecida. Porque ao fazer essa ilação de que haveria uma pactuação entre o procurador-geral e o outro procurador que saiu da PGR para ser advogado da JBS, ele deve ao País mais explicações, porque provavelmente ele tenha mais informações sobre essa questão”, declarou.

Representando o PDT, o deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS), afirmou que, quando o processo contra Temer chegar à Câmara, os deputados da base do governo terão muita dificuldade de votar contra a possibilidade do presidente ser investigado, devido às fortes mobilizações que vêm acontecendo em todo País.

“Temos que dar um fim nisso. O Brasil precisa retomar a normalidade e esse presidente perdeu sua condição de governar o País”, enfatizou.

Além das obstruções, a oposição também quer o cancelamento do recesso parlamentar, explicou Guimarães.

“Somo contrários ao recesso. A crise é de tal dimensão que não comporta que a gente saia de férias em julho. Isso depende do comando da Casa, mas achamos que é um erro manter o recesso e queremos que a Câmara funcione para debatermos as diversas saídas para a crise institucional”, apontou.

O líder da Minoria na Câmara ainda reforçou que os três partidos acertaram que irão fortalecer a campanha pelas eleições diretas.

“A greve da próxima sexta, dia 30, adquiriu musculatura em função da gravidade das denúncias. Não tem como continuar esse governo. Ele já foi, caiu. Não há condições políticas, nem morais, nem econômicas, nem sociais”.

 

Coletiva líderes da oposição. Fora, Temer! #DiretasJa!Líder do PT, Carlos Zarattini (SP), disse na coletiva à imprensa que o presidente ilegítimo Michel Temer não reúne mais condições de ficar no cargo; o Deputado José Guimarães, líder da Minoria, destacou que a população brasileira precisa ir às ruas e paralisar o país na próxima sexta-feira, durante a greve geral. Demais líderes oposicionistas qualificaram a entrevista do golpista Temer como "desastrosa". Acompanhe.

Publicado por PT na Câmara em Terça, 27 de junho de 2017

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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