Otimismo prevalece após anúncio de balanço da Petrobras
Avaliação é que o tamanho da perdas ficou aquém das perspectivas e que a transparência contábil restabeleça a confiança do investidor
Publicado em
Os mercados brasileiro e internacional receberam bem o anúncio do balanço auditado do terceiro trimestre do ano passado e demonstrações contábeis de 2014, divulgado pela diretoria da Petrobras na noite de quarta-feira (22) após reunião do Conselho de Administração.
O balanço foi aprovado sem ressalvas pelo colegiado e pela auditoria independente PriceWaterhouse&Coopers, indicador de que as metodologias e critérios adotados para elaboração das contas obteve consenso administrativo.
O anúncio foi feito com quase cinco meses de atraso e depois do fechamento das operações nas bolsas do Brasil e Estados Unidos (EUA), onde negocia ações.
A divulgação do balanço vai evitar que a Petrobras perca o grau de investimento nas avaliações de agências de classificação de risco. Desde fevereiro a agência Moody’s rebaixou a nota de crédito da empresa, de “grau de investimento” para “grau especulativo”.
O rebaixamento funciona como um indicativo de que investir na petrolífera brasileira passou a ter maior risco, devido às incertezas sobre sua real condição. A divulgação das contas elimina as dúvidas do mercado e vai permitir à empresa acesso a linhas de financiamentos e novos investimentos. De qualquer forma, na semana passada, a Petrobras anunciou operações de financiamento no montante de R$ 20 bilhões, suficientes para assegurar todas as suas necessidades de 2015.
Na capital federal, a edição de hoje do Correio Braziliense afirma que “a publicação do balanço da Petrobras teve repercussão positiva no Palácio do Planalto e deve agradar ao mercado, na opinião dos especialistas”, lembrando ainda que a estatal tem “grandes desafios pela frente”.
A mídia internacional, de acordo com o Jornal da Globo, também registrou impressões positivas sobre a veiculação dos números sobre a realidade contábil e patrimonial da estatal, afetados com a descoberta de esquema de corrupção nas investigações da Operação Lava Jato.
O esquema foi responsável por desvios de R$ 6,2 bilhões em propinas retiradas de contratos superfaturados em 3%, de acordo com o relatório do balanço, que registrou prejuízo anual de R$ 21,6 bilhões, o maior desde 1991.
O balanço reconhece perdas de R$ 44,6 bilhões nos ativos da estatal, motivadas por fatores como desvalorização internacional do preço do petróleo, atraso na execução de projetos de novas instalações de produção, e queda na demanda e margens de lucro na linha de produtos petroquímicos.
Avaliações otimistas – “O balanço foi o primeiro passo para a Petrobras tentar reconquistar a confiança do investidor e o acesso ao crédito internacional”, afirma o maior jornal norte-americano, o New York Times. O jornal britânico Financial Times disse que a divulgação aliviou o medo de a companhia petrolífera “dar calote”.
“Os números vão dar uma certa tranquilidade ao mercado. Não foi um valor muito alto, apesar da subjetividade dos critérios de apuração”, analisou o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, em depoimento registrado pelo jornal brasiliense.
O analista Alex Agostini, da Austin Rating, observou à reportagem que o valor das perdas com corrupção ficaram abaixo do esperado (houve estimativa de até R$ 20 bilhões). A expectativa dele é que o mercado reaja de “forma positiva a partir de hoje”, 23.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias