Página em rede social pede a morte da presidenta Dilma

Parlamentares pedem investigação pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal pela prática de crime de ódio contra a presidente da República

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Com o nome de “Morte a Dilma”, uma página Facebook dedica-se a publicar mensagens contra a presidenta Dilma Roussef e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de condenar os movimentos sociais e vários segmentos de minorias. O conteúdo da página gerou revolta e indignação entre petistas, que cobram punição para o crime de ódio praticado pelo responsável pelo espaço.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) cobra que crimes de ódio como esse, praticado contra a presidente da República, deve ser investigado pela Polícia Federal (PF). “De forma a identificar os responsáveis, processá-los, e tirar imediatamente essa página do ar”, reforça.

Para a petista, enquanto manifestações de ódio como essas forem disseminadas nas redes sociais, elas continuarão acontecendo na vida real, o que coloca todas as mulheres em situação de risco. “Tenho a certeza de que não apenas todas as minhas colegas parlamentares, mas todas as mulheres têm o mesmo sentimento”, declara.

Diante do volume e alcance que demonstrações “fascistas” como as da página têm adquirido na sociedade brasileira, a deputada Erika Kokay (PT-DF) pede que este “absurdo” não seja mais menosprezado ou ignorado, sob o risco de incentivarem atos de maior gravidade.

A parlamentar lembra que os ataques à presidenta Dilma não se limitam ao viés ideológico político, mas são de ódio sexista.

“É a irracionalidade do ódio que não fica ensimesmado, mas que constrói uma séria de atitudes de busca da eliminação do outro, de eleger quem são aqueles que tem o direito de viver. E não tem nenhum ataque feito à Dilma que não tenha o caráter sexista, que não leve em consideração a subalternização do gênero feminino”, afirma a deputada.

Kokay também cobrou punição aos responsáveis por disseminar mensagens de caráter preconceituoso e violento. “Não se pode ter complacência. Eles dizem que tem gente que merece morrer porque é como é. É uma lógica de Hitler, que dizia que os judeus mereciam morrer porque são judeus”, repudia.

Durante toda a história do Brasil, de acordo com a Secretária de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), Laísy Moriére, nunca um presidente da República foi tão atacado, tanto na vida pessoal, na sua moral, quanto Dilma.

“Além do ódio de classe, tem o ódio por ela ser mulher”, esclarece Laísy.

Para a petista, nem todos os avanços econômicos experimentados nos últimos 13 anos, nem o maior acesso das pessoas às universidades contribuíram para desconstruir a cultura machista arraigada na sociedade brasileira.

“Isso demonstra o quanto a sociedade brasileira está cada vez mais machista e atrasada, o que é muito ruim para todas as mulheres”, afirma.

Laísy lembra a plena democracia em que vivemos, quando em outros países, também democráticos, ameaças a dirigentes nacionais são tratados com mais rigor e restrição de liberdade.

Em 2012, Anton Caluori, ao sul de Seatle, nos Estados Unidos, foi preso pelo Serviço Secreto Americano e pelo FBI, polícia federal norte-americana, por enviar e-mails para Casa Branca com ameaças ao presidente Barack Obama.

A secretária defende investigações rigorosas para descobrir a autoria da página e a retirada de todo o conteúdo do ar. “Se fosse nos Estados Unidos, a pessoa já estaria presa. Mas com é a presidenta Dilma, uma parte da população acha que é normal trata-la como se não fosse uma autoridade nacional. Aliás, nenhuma mulher deve ser tratada com preconceito”, condena.

O ex-presidente Lula também sofre o mesmo tipo de ataque, com uma página intitulada “Morte ao Lula”. A página foi denunciada e, em julho, o Instituto Lula pediu ao Facebook para retirá-la do ar, por violar as regras de conduta da rede social. A empresa, no entanto, mantém a página por não considerar como “ameaça real”.

Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias

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