Parlamentares europeus convocam reação contra prisão de Lula
Nota assinada por mais de 30 congressistas de vários países da Europa critica parcialidade do Judiciário, complô da mídia e ação indevida do Exército
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Um grupo de parlamentares europeus de diversas tendências divulgou uma nota condenando a prisão do ex-presidente Lula, afirmando que nenhum democrata pode ficar indiferente ao golpe de Estado de 2016 no Brasil nem tampouco à prisão sem provas de Lula, isolado em uma cela na sede da Superintendência da Polícia Federal desde 7 de abril.
A nota, assinada por mais de 30 parlamentares de países como França, Irlanda e Espanha, critica a parcialidade do Poder Judiciário brasileiro, a imprensa e até o Exército Brasileiro, que teria aproveitado o caos para interferir em questões políticas. O documento encerra convocando os democratas do mundo inteiro a reagir “à detenção arbitrária do ex-presidente Lula”.
O documento dos congressistas se junta a outra nota, divulgada por seis ex-chefes de Estado de países europeus, em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu direito de participar da eleição de 2018.
Confira a íntegra da nota:
Lula e o Brasil: uma situação alarmante
Nós, políticos europeus de diversas tendências, estamos particularmente inquietos com a prisão arbitrária do ex-presidente Lula da Silva, detido desde 7 de abril último, na cidade de Curitiba, PR. Após o Golpe de Estado institucional contra Dilma Rousseff, em 2016, a recente prisão de Lula, sem provas, não pode deixar nenhum democrata indiferente. A quantas anda o respeito ao Estado de Direito no Brasil?
Levando-se em conta que as eleições presidenciais devem acontecer em outubro de 2018, Lula representa uma alternativa para numerosos brasileiros e brasileiras face à crise que o país atravessa atualmente. Sob esse ponto de vista, ele é incômodo para aqueles que tomaram o poder e que não pretendem abandonar seus cargos.
O simulacro de processo contra Lula revelou igualmente a parcialidade de uma parte do Ministério Público e do Poder Judiciário brasileiro. Ele deu-se com o apoio dos grandes meios de comunicação e de parte do exército, que aproveitou para interferir nas questões políticas e judiciárias em curso, o que é muito preocupante em um país ainda marcado pelos estigmas da ditadura militar que se estendeu de 1964 a 1985.
Esta detenção de Lula ocorreu em um contexto político particularmente tenso no Brasil, que teve como ponto culminante o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, no dia 14 de março passado, em meio à escalada de violências que assolam o Brasil, das favelas ao mundo político. Em 27 de março último, a caravana do ex-presidente Lula foi, aliás, alvo de tiros quando de sua passagem pelo Sul do país.
Nenhuma oposição política poderia justificar a denegação democrática que reina hoje no Brasil. Nenhum processo judiciário deve ser utilizado para fins políticos, a fim de reduzir ao silêncio um líder carismático porque este incomoda. Se a luta contra a corrupção é legítima e essencial, ela não deve ser travada em detrimento da presunção de inocência e do respeito à Constituição.
É por isto que convocamos os democratas do mundo inteiro a reagir e nos associamos a todas as forças políticas, sindicais e sociais, bem como a todos os brasileiros e brasileiras que se oponham à detenção arbitrária do ex-presidente Lula.
Assinam o documento:
Laurence Cohen, Senadora, PCF, França, Martina Anderson, Deputada europeia, Sinn Féin, Irlanda, Eliane Assassi, Senadora, Lider da bancada comunista no senado, França, Clémentine Autain, Deputada, FI, França, Esther Benbassa, Senadora, EELV, França, Ugo Bernalicis, Deputado, FI, França, Eric Bocquet, Senador, PCF, França, Lynn Boylan, Deputada europeia, Sinn Féin, Irlanda, Alain Bruneel, Deputado, PCF, França, Matt Carthy, Deputado Europeu, Sinn Féin, Irlanda, Luc Carvounas, Deputado, PS, França, André Chassaigne, Deputado, PCF, Lider da bancada comunista na Assembleia Nacional, França, Pierre-Yves Collombat, Senador, Esquerda, França, Eric Coquerel, Deputado, FI, França, Nikos Chountis, Deputado Europeu, Unidade Popular, Grécia, Javier Couso Permuy, Deputado europeu, Izquierda Unida, Espanha, Cécile, Cukierman, Senadora, PCF, França, Pierre Dharréville, Deputado, PCF, França, Caroline Fiat, Deputada, FI, França, Elsa Faucillon, Deputada, PCF, França, Eleonora Forenza, Deputada europeia, Altra Europa con Tsipras, Italia, Fabien Gay, Senador, PCF, França, Guillaume Gontard, Senador, Esquerda, França, Tania Gonzalez Peñas, Deputada europeia, Podemos, Espanha, Michelle Gréaume, Senadora, PCF, França, Patrice Joly, Senador, PS, França, Michel Larive, Deputado, FI, França, Joël Labbé, Senador, Ambientalista, França. Pierre Laurent, Senador, PCF, Secretario nacional do PCF, França, Jean-Paul Lecoq, Deputado, PCF, França. Patrick Le Hyaric, Deputado europeu, PCF-Frente de Esquerda, França, Serge Letchimy, Deputado, PPM, França, Marie-Noëlle Lienneman, Senadora, PS, França, Paloma Lopez Bermejo, Deputada europeia, Izquierda Unida, Espanha, Edouard Martin, Deputado Europeu, PS, França. Emmanuel Maurel, Deputado Europeu, PS, França, Luke Ming Flanagan, Deputado europeu, Independente, Irlanda, Liadh Ní Riada, Deputada europeia, Sinn Féin, Irlanda, Danièle Obono, Deputada, FI, França, Pierre Ouzoulias, Senador, PCF, França, Stéphane Peu, Deputado, PCF, França, Joao Pimenta Lopes, Deputado europeu, PCP, Portugal, Loïc Prud’Homme, Deputado, FI, França, Christine Prunaud, Senadora, PCF, França, Adrien Quatennens, Deputado, FI, França, François Ruffin, Deputado, FI, França, Pascal Savoldelli, Senador, PCF, França, Neoklis Sylikiotis, Deputado Europeu, AKEL, Chipra, Estefanía Torres Martinez, Deputada europeia, Podemos, Espanha, Marie-Christine Vergiat, Deputada europeia, Frente de Esquerda, França, Marie-Pierre Vieu, Deputada europeia, PCF-Frente de Esquerda, França e Dominique Watrin, Senador, PCF, França.
Traduzido pelo Coletivo Alerte France Brésil
Da CUT