Paulo Pimenta pede investigação sobre morte de jovem indígena no RS

Daiane Griá Sales, de 14 anos, foi assassinada em Terra Indígena. Parlamentar pede acompanhamento da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e da Secretaria Estadual de Segurança

O deputado federal, Paulo Pimenta (PT/RS), pediu investigação do assassinato da jovem de 14 anos, Daiane Griá Sales. O corpo da indígena Kaingang foi encontrado no dia 4 de agosto em uma plantação nos arredores da Terra Indígena do Guarita, em Redentora, no Rio Grande do Sul.

O parlamentar solicitou acompanhamento da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e investigação das causas do crime à Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP/RS).

“Esse crime bárbaro revela a brutalidade da situação que cada vez mais se agrava em setores que se sentem protegidos pela impunidade e se utilizam do envenenamento das reações sociais e políticas para estabelecer uma relação permanente de violência e ódio contra determinados segmentos da sociedade, particularmente as sociedades indígenas. Vamos buscar apuração completa e punição dos responsáveis”, enfatiza Paulo Pimenta.

Ouça o deputado abaixo.

Para a secretária Nacional de Movimentos Populares do Partido dos Trabalhadores, Lucinha Barbosa, o crime cometido contra Daiane reforça o crescimento da violência contra os povos indígenas.

“Precisamos dar um basta nessa violência. Exigiremos justiça por Daiane e por todos os corpos tombados.  Além disso, é fundamental lutarmos pela punição dos culpados e por leis que funcionem contra a impunidade. Não vamos nos calar”.

País que mais mata

A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) também se manifestou sobre a morte da jovem indígena e relembra que o Brasil é um dos países em que mais se mata crianças e adolescentes no mundo. Entre 1996 e 2017, foram assassinadas 191 mil por balas perdidas, por violência infrafamiliar ou abandono social, ou por suas características pessoais.

“Essas mortes têm rosto, tem gênero, tem raça e etnia, sexualidade, o que vai caracterizando o tipo de morte, enquanto nenhuma criança ou adolescente deveria ser alvo de violência e muito menos de morte. No caso de Daiane, foram utilizados os métodos mais cruéis com que se assassinam mulheres, de extrema violência, de dilaceração do corpo, ocultação do cadáver e até mesmo de invisibilização do fato, por ser uma menina indígena, pobre, de um município distante”, ressalta.

Feminicídio

Rosário também atenta para a causa da morte ser feminicídio e afirma que a Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente vai acompanhar e cobrar as investigações sobre o crime.

“A sua morte é também um feminicídio, por todas as intersecções envolvidas e pela forma específica de matar mulheres aplicadas a uma adolescente. Pela Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente estamos acompanhando e cobrando que as investigações sejam realizadas imediatamente para esclarecer os fatos e responsabilizá-los por este crime nos diversos aspectos em que viola o direito à vida previsto pela Constituição Brasileira, Estatuto da Criança e do Adolescente e aos Direitos Humanos, afirma a deputada.

Manifesto das Mulheres Indígenas

A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) divulgou um manifesto de repúdio e denúncia contra o crime de barbárie contra a jovem de apenas 14 anos, moradora do Setor Bananeiras da Terra Indígena do Guarita.

“Temos visto dia após dia o assassinato de indígenas. Mas, parece que não é suficiente matar. O requinte de crueldade é o que dilacera nossa alma, assim como literalmente dilaceraram o jovem corpo de Daiane, de apenas 14 anos. Esquartejam corpos jovens, de mulheres, de povos. Entendemos que os conjuntos de violência cometida a nós, mulheres indígenas, desde a invasão do Brasil é uma fria tentativa de nos exterminar, com crimes hediondos que sangram nossa alma. A desumanidade exposta em corpos femininos indígenas, precisa parar”!

Leia o manifesto, na íntegra, aqui.

A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em conjunto com todas as organizações regionais de base, também repudiam toda e qualquer violência contra mulheres indígenas e exige que a justiça seja feita a quem cometeu tal atrocidade.

Da Redação

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