Pedro Maciel: Mídia trata filhos de FHC e Serra como os de Lula?
Primeiro nos deparamos com a fofoca do decadente jornalista Lauro Jardim acerca de suposta afirmação do réu confesso Fernando Baiano de que ele teria pago contas de Fábio Luís Lula…
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Primeiro nos deparamos com a fofoca do decadente jornalista Lauro Jardim acerca de suposta afirmação do réu confesso Fernando Baiano de que ele teria pago contas de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, me remeteram a fatos ocorridos em 2005, depois ele mudou a versão… Disse que entregou o dinheiro para um amigo do ex-presidente, o qual entregaria a uma nora, cujo nome ele sequer soube dizer.
Essa perseguição começou em 2005 quando a revista VEJA estampou em sua capa um simulacro de “escândalo” denunciando “fato grave” segundo a revista. Mas a escândalo denunciado estava mais para contas do Senador Romário do que para contas do Cunha. Tratava-se de uma operação declarada à Receita Federal e aprovada pela CVM, que a imprensa tentou criminalizar em vão, não há ilegalidade.
Agora o espetáculo midiático ataca o filho mais novo de Lula. Fato que é tão “forçado”, como dizem os jovens. Fato que o senador José Serra considerou um “exagero” a decisão da Polícia Federal de realizar uma busca e apreensão no escritório de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bem, em 12 de junho de 2010 publiquei no meu blog um artigo curtinho com esse titulo “Dois pesos e duas medidas…”, pois tudo que se publica por parte da imprensa em relação a Lula e sua família jamais é honesto, o objetivo é desgastar, constranger e destruir.
Mas essa mesma imprensa tão “imparcial” não comenta o desfecho de outros casos, nem se interessa em apresentar grandes manchetes sobre eles.
Há, por exemplo, o caso do superfaturamento na construção do estande brasileiro na Feira de Hannover, em 2000, fato que envolve Paulo Henrique Cardoso o filho do ex-presidente FHC.
Isso mesmo, o herdeiro do FHC gastou cerca de 24 milhões de dólares em 2000, equivalente a 80 milhões hoje de dinheiro público para ir à feira. O custo astronômico chamou atenção, pois o custo real e comprovado do estande não passou de 1,5 milhão… Com quem ficou a diferença entre 1,5 milhão e os 24 milhões que o governo desembolsou na época? O filho de FHC foi denunciado pelo MPF à época.
Já Fábio Luís, filho de Lula, apesar de incansavelmente investigado jamais foi denunciado pelo MPF. Por quê? Porque não praticou nenhum ilícito. Como não encontraram, e provavelmente nada será encontrado contra Fábio, atacam seu filho mais novo: Luiz Claudio.
E para, a empresa do filho do ex-presidente Lula chegou a ter 150 funcionários, gera emprego, trabalho e renda, funciona regularmente e produz conteúdos de qualidade, basta assistir diariamente o canal Playtv na TV a cabo. Já estande de Paulo Henrique Cardoso deve ser sucata faz tempo…
Ou caso tratado com “descuido” pela zelosa e imparcial imprensa envolve a filha de José Serra, palmeirense da Mooca.
Verônica Allende Serra, entre os 25 e os 30 anos se tornou um fenômeno do mundo dos negócios ao ganhar milhões em período tão curto.
Em 1995, aos 25 anos, Verônica ganhou uma bolsa de estudos para um curso de MBA (Mestre em Administração de Negócios) na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O benfeitor da filha do então poderoso ministro do Planejamento foi a Fundação Educar, criada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, à época donos do Grupo Garantia (não podemos esquecer que os citados benfeitores participaram ativamente do processo de privatizações do governo ao que o pai de Verônica servia, além de estarem envolvidos nos interesses da cervejaria Brahma, que, em 1998, em processo polêmico que dependia do Cade, ligado à área de influência de José Serra.
Bem, Verônica concluiria o curso em Harvard em 1997 e já em 1998 conseguiria seu primeiro trabalho no mundo corporativo, na companhia de administração de recursos chamada Leucadia. Meses depois, seria recrutada pelo fundo de investimentos International Real Returns (IRR) para atuar como sua representante no Brasil. Em 2000, tornar-se-ia “diretora” da “Decidir.com, Inc.”, fundada naquele ano, uma empresa “ponto.com” norte-americana, subsidiária da matriz argentina “Decidir”, de busca e verificação de dados cadastrais e crédito.
A empresa ganhou notoriedade no Brasil por ter tido como membros da diretoria tanto Verônica Dantas Rodemburg, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do CVC Opportunity, como Verônica Allende Serra, filha do então ministro da Saúde José Serra. Em cinco anos, esse prodígio pulou de um empreguinho na Editora Abril e de um singelo curso de Direito na USP para o epicentro dos grandes negócios corporativos, alegadamente por ter passado pela abençoada Universidade de Harvard, que, agora se sabe, basta cursar para ficar rico em poucos anos. Mas ninguém fala nada sobre isso. Mas com Fábio Luís não havia descanso até descobrirem que Claudio.
Fato é que esse tal Lauro Jardim fez novamente o quem vem fazendo desde 2003: acusações “espetaculares” para atingir o ex-presidente Lula.
Lula jamais teve, ao longo das mais de três décadas de vida política, uma única acusação leve ou grave comprovada, foi absolvido de todas as calúnias e infâmias, nunca sofreu um processo em que fosse apresentada uma mísera prova das acusações que lhe eram feitas, mas ao longo de seus dois governos, seu filho Fábio Luís Lula da Silva vem sendo acusado, através de montagens fotográficas principalmente, as quais atribuem a ele a posse de propriedades rurais imensa, apontado como dono de empresas como a JBS (cujos donos reais qualquer pessoa informada sabe quem são), enfim, o filho mais velho de Lula é um dos alvos prediletos dos adversários do pai há muito tempo, mas Paulo Henrique Cardoso e Verônica Serra são sempre poupados e seu surpreendente enriquecimento, coincidente com os mandatos de FHC e Serra, relevados.
Dois pesos e duas medidas. A imprensa trata uns com justiça e outros com injustiça, Paulo, Verônica, Fábio e Luiz Claudio merecem o mesmo tratamento da imprensa, pois condutas diversas da diante de situações idênticas, aplicar a lei ou a regra com mais ou menos rigor de acordo com a conveniência é imoral e merece a nossa discordância expressa.
Pedro Maciel é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007