Petistas criticam Bolsonaro por incitar ato contra instituições em meio à pandemia do coronavírus

Deputados do partido usaram a tribuna da Câmara para repercutir as ‘prioridades’ do governo federal mesmo diante da iminência de uma nova crise, desta vez na saúde

Lula Marques

O deputado Célio Moura (PT-TO) usou a tribuna da Câmara nesta quinta-feira (12) para manifestar a sua preocupação com a pandemia do coronavírus que assola o mundo e que começa a chegar ao Brasil, inclusive no Distrito Federal. “Nós sabemos que o presidente da República está convocando o Brasil inteiro para o ato do dia 15. Isso é uma irresponsabilidade. Se uma pandemia assolar o Brasil, a responsabilidade será do presidente Bolsonaro”, afirmou. Moura ainda protestou lembrando que enquanto vários países estão fechando as suas fronteiras, “Bolsonaro num gesto que não é normal, convida a população para fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal”.

Além de se solidarizar com os países do mundo que sofrem com o coronavírus, em especial à Itália, Célio Moura reforçou que o momento é de responsabilidade e de grandeza por parte dos agentes públicos em defesa deste problema que está afetando a vida de todos os brasileiros. “O pânico e o terror não são os melhores remédios para um momento como este, e os agentes públicos têm que trabalhar com mais responsabilidade. Nós já superamos várias pandemias neste País e iremos, mais uma vez, superar o coronavírus”, completou.

“Ditadura vírus”

Também da tribuna, o deputado Rogério Correia (PT-MG) manifestou preocupação com o alastramento do coronavírus no mundo e no Brasil, e citou que o resultado tem sido extremamente negativo do ponto de vista da saúde pública e da economia. “Mas é preciso reagir a isso, ter um plano para que isso não vire algo fora do controle. A primeira coisa é fazer com que o presidente Bolsonaro feche a boca, porque ele foi o primeiro a dizer que isso era uma ‘fantasia’, ‘um exagero da imprensa’. E, mais grave, ele foca tão errado no processo de combate ao coronavírus que quer fazer, no dia 15, o ‘ditadura vírus’. Está chamando o seu povo para ir às ruas falar contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, ele chama os seus radicais para as ruas em vez de pacificar a democracia no Brasil”, criticou.

Rogério Correia lamentou o fato de a economia brasileira estar se desmanchando – por três vezes a Bolsa de Valores parou hoje e o dólar passou dos R$ 5. “E o presidente da República, em vez de ver seriedade nisso, quer pôr fogo no Brasil achando que assim vai resolver o problema do País. Nunca vi um presidente tão desqualificado como este Bolsonaro. Nós precisamos mudar o rumo disso. O Congresso tem essa responsabilidade, temos que dar um basta em Bolsonaro”, defendeu.

Mais Médicos

E o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) ao falar do coronavírus, aproveitou para parabenizar a então presidenta Dilma Rousseff e o Congresso Nacional, pela aprovação do Programa Mais Médicos. “O governo anuncia agora a contratação de 5 mil médicos, através do Programa Mais Médicos, para tentar amenizar os problemas que o Brasil já enfrenta em relação ao coronavírus. E eu fico imaginando o que seria do povo brasileiro se o Programa Mais Médicos não existisse, se o governo federal não tivesse um mecanismo de chamar, por edital, de fazer contratações rápidas de milhares de médicos”, acrescentou o deputado, que ainda provocou: “fico imaginando também a consciência daqueles parlamentares, que, há época da aprovação do Programa Mais Médicos, posicionaram-se contra esse programa.

Para Zeca Dirceu, neste momento, o Brasil vai ter também a oportunidade de provar o quanto o Sistema Único de Saúde (SUS) é essencial e necessário. “E o quanto o SUS não pode mais ficar sendo vítima da Lei do Teto de Gastos Públicos, que tirou recursos fundamentais da saúde, que tirou da população R$ 19 bilhões só nos últimos anos”, citou.

Na avaliação de Dirceu, é o SUS que vai salvar a vida dos brasileiros e brasileiras. É o SUS que vai colocar o Brasil numa posição de referência positiva muito melhor que a do conjunto de países muito mais ricos que o Brasil. “E, talvez, a melhor comparação seja com a do sistema norte-americano: a nação mais rica do mundo não tem hoje conseguido dar suporte à população em relação ao coronavírus, como faz o Brasil. Eu vi as imagens de Washington, a capital norte-americana, onde idosos estão morrendo, atendidos dentro de contêiner, dentro de motéis alugados sem nenhum tipo de respaldo do ponto de vista do papel que tem que ter qualquer nação em relação à saúde do seu povo e da sua gente”, contou.

Zeca Dirceu concluiu destacando mais uma vez a importância do Programa Mais Médicos, o qual, segundo ele, teria que ter sido ampliado para que a população brasileira tivesse, de fato, em cada uma das cidades — o que hoje não acontece em 700 municípios — ao menos um médico morando e vivendo nas comunidades para atender o povo que mais precisa. “Fica aqui este desabafo, esta lembrança dos acertos que fizemos aqui no passado e o grande desafio e a grande responsabilidade que temos neste momento de tanto impacto do coronavírus”.

Por PT na Câmara

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