Pimenta a Moro: E se a família de Trump tivesse relações com milícia?

Líder do PT na Câmara criticou a omissão da Polícia Federal e de outros órgãos em relação à suspeita de ligação de milicianos do RJ com a família Bolsonaro

Lula Marques

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), questionou nesta quarta-feira (8), durante audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, quanto à omissão da Polícia Federal e de outros órgãos investigativos em relação à suspeita de o crime organizado – por meio de milicianos no Rio de Janeiro ligados à família Bolsonaro – estar no “coração do poder” no Brasil.

O deputado citou o caso do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, acusado de ser laranja da família Bolsonaro, com movimentações financeiras atípicas, incluindo repasse de R$ 24 mil à primeira dama Michele Bolsonaro. Para explicar a gravidade da situação brasileira, Pimenta fez referência ao país que é sempre citado por Moro como exemplo de ação estatal no combate à corrução.

“O doutor Sérgio Moro gosta muito de falar os Estados Unidos. Imagina se a família do presidente dos Estados Unidos estivesse envolvida com o crime organizado. Imagina se os filhos do presidente da República nos Estados Unidos tivessem nomeado nos seus gabinetes familiares de assassinos, milicianos do crime organizado”, sugeriu o líder petista.

“Imagina se os mafiosos dos Estados Unidos trabalhassem nos gabinetes dos filhos do Trump ou do Obama. Será que a imprensa trataria com essa naturalidade [que trata no Brasil]? Será que o ministro da Justiça diria ‘essa questão não me diz respeito’?”, continuou o parlamentar gaúcho.

Queiroz e milícias

Moro, ao ser questionado sobre como anda a apuração do caso Queiroz, cruzou os braços e disse que a investigação é afetada ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Pimenta, contudo, disse que se trata de uma questão de Estado, “pois uma quadrilha pode estar com forte influência no poder no plano federal”.

Ele lembrou que as milícias atuam em sintonia fina com agentes do Estado e, no caso Queiroz, é mais grave dados os vínculos com o filho de Bolsonaro – também acusado de ligações com o capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, vulgo Gordinho, tido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como liderança do Escritório do Crime, grupo miliciano suspeito de ter envolvimento na morte de Marielle Franco. A mãe e a esposa de Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, foram lotadas no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Segurança

Para Pimenta, “o Brasil precisa de paz e segurança, não da utilização do Ministério Público e do Judiciário para fins políticos e fortalecimento de um projeto de poder”. Segundo o líder do PT, as propostas de Moro, além de não terem sido discutidas por especialistas e amplos setores da sociedade, pecam por não conter nada da área de inteligência, elemento central para tratar da segurança pública.

De acordo com o petista, que presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara em 2015, o pacote carece de ações destinadas à segurança fronteiriça e à valorização profissional dos policiais e tem mais o objetivo de dar garantia a práticas ilegais da Lava Jato do que garantir segurança pública para a população.

Assista à intervenção do líder do PT:

Por PT na Câmara

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