Pimenta critica mudança em comissão sobre ditadura: ‘extrema violência’
Deputado criticou interferência de Bolsonaro na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e acusou retaliação após críticas por ataque a Fernando Santa Cruz
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O Líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), criticou a interferência de Jair Bolsonaro (PSL) na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos (Cemdp), nesta quinta-feira (1º). O autoritário presidente exonerou a presidenta do colegiado, a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga, e outros membros do órgão, incluindo o parlamentar. Para Pimenta, a intromissão de Bolsonaro é um ato de “extrema violência contra a memória e a História”.
O deputado lembrou que a interferência de Jair é um grave atentado a memória das vítimas da ditadura, uma vez que, Jair justificou que a mudança reflete a orientação política de seu governo, “de direita”. “É uma extrema violência contra a memória, contra a História [do país], contra a luta e a defesa da democracia. Você imagina fazer um trabalho na Alemanha de resgate da memória da verdade sobre a chaga do nazismo e colocar simpatizantes do nazismo no trabalho. Na Itália, colocar um admirador do [ex-premier fascista Benito] Mussolini. É um trabalho de conscientização, de denúncia, mas estão colocando pessoas que têm desrespeito pelos mortos e suas famílias. É um acinte”, ressaltou Pimenta ao O Globo.
As alterações na comissão ocorreram três dias após a agora ex-presidenta da comissão criticar o ataque de Bolsonaro ao pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Na ocasião, Eugênia disse que “é muito grave essa declaração. Ele [Bolsonaro] está transformando um dever oficial, que é dar informações aos familiares, que ele já deveria ter cumprido, em uso político contra um crítico do seu governo”.
Na presidência do colegiado, Bolsonaro colocou Marcos Vinicius Pereira de Carvalho, ex-assessor da ministra Damares Alves e filiado ao PSL. Também foram designados para a comissão o coronel reformado Weslei Antônio Maretti, o oficial do Exército Vital Lima Santos e o deputado Filipe Barros Ribeiro (PSL-PR), ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL).
Bolsonaro é “vingativo”
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) criticou a decisão do governo. “O autoritário tenta reescrever a história. Não poderá apagar os crimes da ditadura”, afirmou. Para o deputado José Guimarães (PT-CE), Bolsonaro é um homem “desumano e vingativo”. Segundo o parlamentar, Bolsonaro não sabe conviver com os valores que sustentam a história, a verdade e o Estado de Direito. “Até a verdade os familiares de desaparecidos políticos não têm esse direito. Bolsonaro tem que ser interditado. Essa escalada autoritária não terá fim, pois todo mundo sabe que Bolsonaro é isso mesmo”.
Além de considerar o fato gravíssimo, o deputado Odair Cunha (PT-MG) afirmou que Bolsonaro continua seus ataques à memória. “É alarmante essa movimentação de Bolsonaro para encobrir a verdade sobre as crueldades cometidas pelo Estado e Forças Armadas durante a ditadura militar”, completou. Na mesma linha, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse que é grave o ocorrido. “Por decreto, governo substitui integrantes da Comissão de Mortos e Desaparecidos por militares e assessores do seu partido. A troca de 4 dos 7 membros da comissão se dá na mesma semana que o presidente desrespeitou a memória dos mortos na ditadura”, criticou.
Os deputados Bohn Gass (PT-RS), Rogério Correia (PT-MG), Margarida Salomão (PT-MG), Erika Kokay (PT-DF) e Natália Bonavides (PT-RN) também criticaram a interferência de Bolsonaro na comissão.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do O Globo e PT na Câmara