Pimenta: Diretas Já e luta contra retrocesso são pautas de 2017
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), escolhido líder do PT na Câmara em 2018, campanha das ‘Diretas Já’ mobiliza e organiza a sociedade e vai além do ‘Fora Temer’
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Primeiramente, Fora Temer. É assim que o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) inicia sua avaliação de quais as pautas prioritárias do PT para o ano de 2017.
Para ele, é preciso ter duas frentes de atuação que caminhem de maneira articulada. Por um lado, uma pauta de mobilização pela antecipação das eleições diretas para presidente da República, e paralelo a isso, uma pauta de resistência e de denúncia à agenda de retrocessos impostos pelo governo usurpador de Michel Temer.
A mobilização pelas ‘Diretas Já’ como mote central amplifica a defesa de que é necessário um pacto para que o Brasil enfrente a crise econômica, política e institucional na qual está mergulhado. E esse pacto passa, na opinião de Pimenta, pela legitimidade do voto popular.
“O governo golpista ou uma solução que saia de dentro do Congresso jamais terão legitimidade”, afirma.
Segundo o deputado, a pauta das Diretas Já mobiliza e organiza a sociedade para além de apenas pedir ‘Fora Temer’, e dá sequência à luta construída na resistência ao golpe travestido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Já na pauta de resistência, Pimenta destaca a denúncia contra a reforma da Previdência, a Proposta de Emenda Constitucional PEC 55 que congela os gastos públicos por 20 anos, a retirada dos direitos trabalhistas, a venda do pré-sal e do patrimônio do povo brasileiro.
“A pauta de resistência é tão importante quanto a pauta de mobilização”, garante.
Escolhido pelos deputados petistas para ser o líder da Bancada do PT da Câmara em 2018, Paulo Pimenta explica que a decisão faz parte do planejamento dos parlamentares para os próximos dois anos. “Desta forma, a ideia é fortalecer o trabalho coletivo da bancada”.
“Um dos grandes desafios que nós temos hoje é conseguir ter uma política de comunicação coletiva que possa enfrentar essa narrativa diária da grande mídia no trato dos interesses da população sobre as razões do golpe e das políticas do golpe”, complementa o petista.
O ano de 2017 também é o ano do VI Congresso Nacional do PT. Para Pimenta, o Congresso é a grande oportunidade que o partido tem de fazer um balanço da sua experiência de governo, tantos nas gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto da presidenta Dilma. Segundo ele, esse balanço ainda não foi feito.
O partido, na sua avaliação, deve aproveitar o momento para ter “a humildade necessária de construir um balanço que permita olhar para o futuro e não repetir equívocos”.
“O Congresso deve ser uma grande oportunidade de redefinição de um programa político de mobilização do próximo período. Mas, para que a gente possa restabelecer uma relação de confiança e legitimidade com determinados segmentos, é preciso que o PT faça uma autocrítica, reconheça os seus equívocos, valorize o seu legado, as suas realizações, mas assuma o compromisso de alterar determinadas condutas, que passa pela questão do financiamento das campanhas eleitorais, que passa sobre o modelo de políticas de alianças”, destaca.
Pimenta enumera algumas ações do PT que, segundo ele, hoje se mostraram equivocadas.
“Quando nós recuamos, por exemplo, da pauta da criminalização da homofobia, ou recuamos de pautas importantes da área de Direitos Humanos para tentar estabelecer uma aliança eventual com setores fundamentalistas evangélicos dentro da Câmara, isso se tornou algo inócuo, porque nós arranhamos a nossa relação histórica com esses segmentos e depois assistimos esses grupos estarem na linha de frente do golpe”, explica.
Outro ponto destacado pelo deputado foi a falta de uma “política ousada” do PT sobre a demarcação das terras indígenas e sobre a reforma agrária, no intuito de estabelecer algum tipo de aliança com setores da bancada ruralista.
Pimenta avalia que esses recuos e “erros programáticos” por uma “governabilidade a qualquer preço” serviram para corroer a relação de confiança com a base social do PT e contribuiu para “tirar potência da capacidade de resistência da nossa base”.
“São equívocos importantes que precisam ser reconhecidos para que eles não sejam repetidos no futuro”, finaliza.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias