Plano de golpe no celular de Mauro Cid complica Bolsonaro ainda mais

Documento achado pela PF no telefone do faz-tudo de Bolsonaro não deixa mais dúvidas de que plano para atacar a democracia foi tramado no interior do Planalto quando o ex-capitão era presidente

Marcelo Camargo/Agência Brasil e Site do PT

Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro: plano de golpe detalhado no celular

Fica cada vez mais difícil qualquer tentativa de Jair Bolsonaro negar que planejou e tentou dar um golpe de Estado. O celular do seu faz-tudo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que será ouvido pela CPMI do Golpe na próxima terça (20), é uma montanha de provas de que um atentado à democracia foi tramado dentro do Palácio do Planalto quando o ex-capitão era presidente.

As revelações mais recentes foram publicadas, na noite de quinta-feira (15), pela revista Veja, que teve acesso a um relatório do setor de inteligência da Polícia Federal sobre o que foi achado no celular de Mauro Cid. O telefone, vale lembrar, acabou na mão dos policiais depois do tenente-coronel ser preso na operação que investiga as fraudes em cartões de vacinação.

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Segundo a reportagem, uma das coisas que a PF encontrou foi um documento chamado “Forças Armadas como Poder Moderador”, que descreve passo a passo como um golpe poderia ser dado caso Bolsonaro perdesse as eleições. 

A estratégia começaria com Bolsonaro enviando às Forças Armadas um documento que denunciaria “inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário”. A partir daí, daria-se o golpe em etapas. A primeira, seria nomear um interventor, que, então, definiria um prazo para o “restabelecimento da ordem Constitucional”.

O terceiro passo seria colocar a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal sob comando do interventor. Em seguida, atos do Poder Judiciário seriam suspensos e alguns magistrados seriam afastados e passariam a ser investigados. Por fim, o tal interventor suspenderia outros atos considerados inconstitucionais, haveria substituição dos ministros do TSE e novas eleições seriam realizadas (sabe-se lá quando).

Parlamentares do PT pedem punição

Após as novas provas virem à tona, parlamentares do PT cobraram a punição de todos os envolvidos. “Sem anistia para quem ataca a democracia”, resumiu o senador Humberto Costa (PT-PE).

“Esses documentos comprovam, de forma cabal, todo o esquema milimetricamente traçado para um golpe de Estado. Tudo em posse de um dos principais assessores do então presidente da República. É inconteste. Esperamos que esses que tentaram derrubar nossa democracia e o Estado de Direito sejam severamente punidos”, reforçou o parlamentar.

O deputado Rogério Correia (PT-MG), integrante da CPMI do Golpe, se manifestou pelo Twitter. “E agora Bolsonaro? Leu a reportagem da Veja? O celular do seu ajudante de ordem confessou o golpe. (…) Que confusão, capitão! Vai dar prisão”, escreveu.

A narrativa do golpe

A situação de Bolsonaro é mais que complicada, uma vez que sobram evidências de que ele agiu como mentor intelectual de todas as ações golpistas ocorridas antes, durante e após as eleições de 2022.

Não só o plano de golpe estava no celular de seu assessor direto como o documento se encaixa perfeitamente na narrativa mentirosa que Bolsonaro e seus cúmplices espalharam nos últimos anos (leia aqui sobre as narrativas que levaram ao 8 de Janeiro). Vale a pena recordar.

Bolsonaro iniciou uma campanha contra o sistema eleitoral ainda em 2021, quando disse ter provas de que as eleições de 2018 haviam sido fraudadas para impedi-lo de ganhar no primeiro turno. 

Essas provas nunca foram apresentadas, mas as acusações viraram fake news espalhadas aos montes nas redes sociais. A campanha ainda foi fortalecida pela tentativa de se aprovar o voto impresso e pela reunião de Bolsonaro com embaixadores, na qual ele mentiu mais uma vez sobre a segurança das eleições.

Foi o ex-presidente e seu entorno que também difundiram a tese mentirosa de que o artigo 142 da Constituição permitiria às Forças Armadas agir como um poder moderador em caso de crise entre os Três Poderes. 

Em maio de 2020, por exemplo, Bolsonaro postou no Twitter live com o jurista Ives Gandra Martins e ressaltou: “Live com Ives Gandra: A politização no STF e a aplicação pontual da 142”.

Ora, depois de Bolsonaro atacar as urnas, criar crise com o Judiciário e espalhar a ideia das Forças Armadas como poder moderador, aparece no celular de seu assessor mais próximo um plano de golpe para anular as eleições intitulado “Forças Armadas como Poder Moderador”? Como diz Humberto Costa: “prova cabal”.

Da Redação, com PT no Senado

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