Prisão de Bolsonaro dá voz aos mortos da Covid-19 e da ditadura

Em artigo, deputado Reimont afirma que prisão de Bolsonaro simboliza alívio para vítimas da ditadura e da Covid-19 e marca novo ciclo de Justiça no país

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Deputado federal Reimont, do PT do Rio de Janeiro

Jair Bolsonaro está preso preventivamente pelos crimes de atentado contra a democracia, tentativa de golpe e correlatos. Violou as normas da prisão domiciliar, tentou romper a tornozeleira eletrônica, mentiu ao alegar surto paranoico. Praticou e pratica golpes em cima de golpes, dos maiores e mais torpes aos pequenos golpes cotidianos para burlar a Justiça. Por isso, o STF confirmou a prisão preventiva, da qual só sairá para começar a cumprir os 27 anos e três meses da pena por atuar contra o Estado Democrático de Direito, provavelmente em um presídio.

A prisão de Bolsonaro está relacionada à tentativa de golpe de Estado, mas o que vejo nas ruas e nas redes é também a catarse de sobreviventes e de familiares de vítimas da ditadura de 1964; é a catarse de sobreviventes e de familiares dos 700 mil mortos da Covid-19. Não é vingança, mas o alívio por uma Justiça começando a se manifestar.

Ninguém encarnou e encarna tão à perfeição os porões da ditadura e a exaltação à tortura como Bolsonaro. Nenhum aplicou, nos atos de governo, a psicopatia dos algozes como ele. Em cada momento em que debochou, ironizou e desprezou as vítimas da Covid, na recusa em adquirir vacinas, Bolsonaro expressou a mente doentia de criminosos como Brilhante Ustra, Freddie Perdigão Pereira, Sérgio Fleury e tantos outros da lista de 232 torturadores identificados pela Comissão da Verdade.

O hoje preso e inelegível Jair usou a tortura como método de gestão do país, em total desprezo pela vida humana. Ele é um psicopata, não um psicótico. Para justificar o crime de tentar romper a tornozeleira eletrônica, que o levou à prisão preventiva, alega confusão mental e alucinações típicas de um surto paranoico. Mente mais uma vez, debocha.

A tornozeleira foi queimada, com precisão e firmeza, em todos os lados, meticulosamente. O procedimento já é extremamente difícil para uma pessoa em estado de equilíbrio, porque exige manobras demoradas e quase impossíveis para um homem de 70 anos, sedentário, com adiposidade no abdômen. Além disso, o equipamento de solda produz calor extremo; não dá para suportar sem uma proteção adequada.

Agora, imaginem para uma pessoa em surto paranoico, que os especialistas chamam de “desorganizada”. A pessoa tem medo, treme, grita, quebra coisas, fica fora de controle; as pernas e mãos se agitam. Como iria realizar os movimentos sem se queimar uma única vez, sem o mais leve ferimento?

Bolsonaro estava consciente — e duvido que estivesse só. Como esteve consciente e ao lado de cúmplices e financiadores de todos os seus atos na Presidência da República.

A maioria dos crimes dessa horda fascista ainda espera processo, como é o caso da omissão e dos atos genocidas na epidemia da Covid-19. Mas o primeiro passo está dado.

A extrema-direita e o centrão já avisam que irão novamente pautar a anistia para os conspiradores, com o único e firme propósito de livrar Jair Bolsonaro da Justiça. Precisamos de todas as forças para impedir. Vamos para as ruas e redes!

Deputado Reimont – Deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro

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