Produção de navios é estratégica para o Brasil, afirma Aloizio Mercadante

Presidente do banco disse, durante o lançamento da iniciativa BNDES Azul, na quarta (24), no Rio, que meta é elevar investimentos em pelo menos R$ 2 bilhões

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Retomada da industrial naval é estratégica para soberania marítima e desenvolvimento do Brasil

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, afirmou nesta quarta-feira (24), durante o lançamento do programa BNDES Azul, no Rio de Janeiro, que o Brasil precisa retomar a produção de navios. Para isso, o banco de fomento público deve ampliar investimento e meta é elevar recursos para pelo menos R$ 2 bilhões neste ano.

A retomada do segmento faz parte das prioridades da Missão 6 da Nova Indústria Brasil (NIB), lançada pelo presidente Lula nesta segunda-feira (22). Para o economista, “como um país que é 1 dos 3 do mundo que constroem e certificam avião não vai fazer, não pode fazer ou não deve fazer navio?”.

Mercante apresentou o retrospecto de recursos aplicado pelo BNDES nos anos anteriores no setor. “Em 2022, o BNDES liberou R$ 600 milhões para a construção naval. Em 2023, fizemos R$ 1 bilhão. Foi um crescimento importante”, declarou. “Agora precisamos de bons projetos. O BNDES reage às iniciativas.”

“O Brasil pode sair na frente, ocupar a liderança. Temos de voltar a produzir navio, mas o navio do futuro. É isso que vai ser exigido nos próximos anos”, afirmou. “Temos tecnologia e também erros cometidos para aprender e corrigir.”

Importância estratégica para a soberania do país

A defesa de investimento para o setor se dá em função da importância estratégica e da soberania marítima para o Brasil. Além disso, construir navios e desenvolver essa indústria representam geração de empregos nacionais, desenvolvimento econômico, melhoria da infraestrutura portuária, melhores condições para a exploração de recursos naturais a partir da chamada economia azul (conjunto de atividades associado aos mares), autossuficiência tecnológica, fomento à inovação e diversificação da economia.

A Petrobras é responsável por mais de 70% das cargas transportadas por meio de navegação mercante no país. Os grandes navios-tanques que a maior empresa brasileira utiliza atualmente são contratados do exterior.

Com seu tamanho e presença de mercado, o plano de investimento estratégico da Petrobras, ao priorizar a construção e operação de navios sob a bandeira nacional, promoverá o crescimento e desenvolvimento do setor.

O aumento de recursos anunciados por Mercadante pode viabilizar uma das promessas de campanha do presidente Lula e orientações de seu terceiro mandato de retomada da indústria naval brasileira. A Transpetro já apresentou um plano para a construção de 25 navios (TP25).

A volta dos investimentos nesse setor atendem também à Organização Marítima Internacional (IMO), que determinou que até 2030 40% da frota marítima mundial tem de ter combustível renovável. “Isso significa que temos uma grande oportunidade, porque os navios vão ter de fazer reformas para substituir petróleo por energia renovável e, ao mesmo tempo, construir novas embarcações”, disse Mercadante.

BNDES Azul

As declarações de Mercadante foram dadas durante o lançamento, nesta quarta-feira (24), do programa BNDES Azul, ocorrido em um navio de pesquisa da Marinha do Brasil, atracado próximo ao Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro.

O Brasil possui uma área oceânica de cerca de 5,7 milhões de quilômetros quadrados essencial para a economia e do País e que precisa ser desenvolvida. Por isso, o pacote de investimento BNDES Azul é fundamental.

Com cerca de R$ 22 bilhões em carteira para projetos, ele vai fomentar o crescimento do Brasil a partir do mar, com a chamada economia azul, atuando em quatro frentes para descarbonização da frota naval.

Durante a cerimônia, Mercadante assinou o contrato do Planejamento Espacial Marinho (PEM) da costa brasileira, com investimento de R$ 7 milhões, que prevê a elaboração de estudo técnico e implantação do projeto-piloto de planejamento espacial marinho da região Sul do Brasil. Na ocasião, também foi lançado o editar do PEM para a região Sudeste e feito o anúncio de ações referentes à infraestrutura e indústria naval.

As outras três frentes são incentivos à inovação e descarbonização da frota naval, estímulo à infraestrutura portuária e apoio a projetos de recursos hídricos via Fundo Clima.

Da Redação

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