Projeto da vereadora indígena Juliana Cardoso é pauta do 19 de abril na capital paulista
Única vereadora indígena da cidade, petista defende a criação da Política Municipal de Fortalecimento Ambiental e Cultural de Terras Indígenas de São Paulo
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São Paulo, maior cidade da América Latina, tem uma única representante indígena na Câmara de Vereadores. Juliana Cardoso está no quarto mandato e nos contou como é sua realidade no espaço onde seus ancestrais, por muitos anos, nunca imaginariam ter uma representante.
“Ser a única mulher autoproclamada de origem indígena eleita na Câmara de São Paulo é ter a consciência de que cada passo não é uma ação individual, mas coletiva e representativa do nosso povo e da nossa luta histórica por reconhecimento e por direitos, principalmente pelo direito de ser e existir em nossa terras. É guerrear todos os dias pela sobrevivência de todos nós, é defender a fauna e a flora”, relata ela.
Juliana explica que, justamente por saber de todos esses desafios, um de seus primeiros projetos a virar lei, em 2010, foi o que criou o Conselho dos Povos Indígenas na cidade de São Paulo.
“Com o conselho, nossos indígenas das diferentes etnias na cidade podem cobrar efetivas políticas públicas da gestão municipal”, explica Juliana.
Mas, mesmo que a presença de Juliana seja uma vitória e um abre-alas para os indígenas na política paulistana, as coisas não estão mais fáceis para eles. As comunidades guarani das Terras Indígenas Jaraguá, na zona noroeste, e Tenondé Porã, no extremo sul, estão cobrando, por exemplo, que neste 19 de abril os vereadores e a prefeitura de São Paulo se comprometam com a aprovação do Projeto de Lei nº 181/2016, de coautoria de Juliana Cardoso, que cria a Política Municipal de Fortalecimento Ambiental e Cultural de Terras Indígenas de São Paulo, com o objetivo de proteger 19 aldeias da cidade.
“Não é um patrimônio só dos povos indígenas, mas de todos. Só em 2019, segundo dados que recebi das minhas parentes que estão nessa luta, mais de 300 mudas, de espécies como Pitanga, Cambuci, Araucária, Palmito-Juçara, foram plantadas no entorno de apenas uma das aldeias Guarani”, conta a vereadora.
Nádia Garcia, Agência Todas