Racistas reagem com agressões ao protagonismo de vereadora negra

A vereadora Dandara Tonantzin (PT), de Uberlândia (MG), sofreu injúrias raciais em evento sobre a militarização das escolas públicas. Um inquérito contra os crimes de racismo será registrado nesta sexta-feira (23)

A vereadora Dandara Tonantzin, da Câmara Municipal de Uberlândia, sofreu injúrias raciais em uma audiência pública sobre a militarização das escolas públicas, transmitida ao vivo no canal institucional da TV Câmara do município.

Durante a live, veiculada no youtube, Dandara foi agredida com comentários ofensivos e racistas direcionados ao turbante que usava. Nos comentários, um perfil contrário à opinião de Dandara escreveu: “#Foraturbante”, “o turbante te impede de pensar”, entre demais ofensas.

A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se manifestou em solidariedade à vereadora e enfatizou que o racismo arraigado na sociedade brasileira precisa ser enfrentado todos os dias.

Crime crime

A assessoria do gabinete da vereadora entrou com uma denúncia contra o perfil racista e com uma ação de quebra de sigilo do perfil de Angelica Bonfim, no canal do youtube. Natália Almeida, assessora jurídica, registrará um inquérito contra os crimes de racismo e injúria racial nesta sexta-feira (23).

“Dandara ter vindo da periferia, ser negra e acadêmica por cotas incomoda o sistema racista. Entrarmos com esta denúncia significa que ela não irá recuar ou silenciar diante das violências, conta Natália”.

A assessora adverte que quando a ofensa se dirige à uma parlamentar em canal institucional e ao símbolo da negritude, o turbante, essa violência racista não é individual, mas sim um crime contra as mulheres negras que ousam ocupar os espaços de poder.

Racistas não passarão

Dandara afirma que o racismo organiza relações de poder na sociedade e as mulheres negras que estão na política sofrem com as mais diversas formas de violência.

“Ainda somos minorias no espaço de poder. Somos apenas 3% do Congresso Nacional e 6% na política em geral. O alvo da violência tem a pele preta. E assim como cantou Elza Soares um dia, a carne mais barata do mercado continua sendo a preta. Na sociedade racista, não existem “fatos isolados” de agressão e injúria, a violência contra cada um de nós é parte de um mesmo sistema de exploração que tenta nos silenciar, matar, humilhar”, destaca a vereadora.

“A pele preta é orgulho. A ancestralidade é orgulho. Vai ter turbante, black power e tranças afros, sim. Somos muitos e a resistência continua a ser nosso legado”, diz.

Da Redação, com informações da assessoria da vereadora Dandara Tonantzin

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