Rafael Vigentin: Crise de esperança
“Não há esquerda sem utopia. E essa se encontra muito fragilizada”; leia artigo do militante do PT de Sorocaba para a Tribuna de Debates do 6° Congresso
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Minha contribuição nesse artigo se faz enquanto um militante do Partido dos Trabalhadores, que nunca ocupou nenhum cargo de direção, nenhuma assessoria política, mas que pode ajudar a ampliar as perspectivas da análise sob um olhar cotidiano a respeito de nossas dificuldades.
Não tenho dúvida que nossa maior crise não é em razão de nossos erros, e erramos muito, mas de uma conjuntura política estranha, permeada por um golpe de Estado e pelo crescimento de um fascismo social no Brasil e no mundo. Mas acredito que é urgente corrigir os rumos do partido e sinalizar para mudanças.
A maior crise que a esquerda petista vive hoje não é a eleitoral, pelo fato do nosso partido ter reduzido o número de prefeituras, pois esse cenário poderá ser revertido, mas a crise de esperança. É essa crise que poderá acabar com a esquerda e colocar a militância na inanição por décadas.
Foi a esperança que possibilitou ao PT nascer, se organizar e chegar onde chegou. Não há luta sem esperança. Não há esquerda sem utopia. E essa se encontra muito fragilizada. O Petismo é muito maior do que o partido, pois sua militância que está espalhada por todos os cantos do país e que muitas vezes não encontramos dentro de uma reunião partidária.
A elite brasileira sabe muito bem da força dessa esquerda, não conseguiu derrotá-la, mas aprendeu a imobilizá-la, e isso é preocupante. O imobilismo tem acontecido com a desesperança, com o desânimo e com a percepção da suposta fatalidade da política. É esse nó que o PT precisa desfazer.
O nosso caminho é sinalizar com possibilidades, resgatar os sonhos e construir novos caminhos. As disputas internas fazem parte do processo de reconstrução, pois somos um partido plural, mas é importante lembrar que nesse momento o partido não pode errar. Autocríticas são fundamentais, mas não é descaracterizando todo nosso legado que vamos superar nossos problemas, muito menos buscando novas alternativas ao partido. Todos têm responsabilidades com a militância desse partido, com os que estão filiados e não estão filiados. Espero que todos tenham esse senso de responsabilidade nesse momento, principalmente as lideranças.
por Rafael Vigentin, militante do PT de Sorocaba, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.
ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores