Representantes de 85 países chegam a Caracas para a Assembleia dos Povos
Atividade reúne mais de 500 representantes na capital venezuelana, de 24 a 27 de fevereiro, contra a intervenção militar dos EUA
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Neste sábado (23), delegações de 85 países começaram a chegar à capital venezuelana, Caracas, onde participarão da Assembleia Internacional dos Povos (AIP), que acontece entre os dias 24 e 27 de fevereiro. Em coletiva de imprensa, os membros do comitê articulador do evento ofereceram detalhes sobre a organização.
João Pedro Stedile, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e articulador da Via Campesina Internacional, afirmou que a data escolhida para realização do evento simboliza a solidariedade à Venezuela, alvo de ataques de governos vizinhos e dos Estados Unidos.
“Estamos aqui, a comissão coordenadora da Assembleia Internacional dos Povos. Levamos dois anos nos preparando e marcamos justamente a Assembleia para ser realizada aqui em Caracas, nesta data, como uma forma de solidariedade de todas as organizações do mundo ao governo de Nicolás Maduro e ao povo da Venezuela”, salientou Stedile.
Luta em defesa da vida
A representante da Espanha, Marga Ferré, afirmou que, embora governos europeus tenham defendido abertamente uma intervenção na Venezuela, esta não é a posição majoritária dos cidadãos desses países – que rejeitam a violência como forma de solução de conflitos.
“Os povos da Europa não querem uma intervenção militar, e parte do que vamos debater aqui nestes dias é como construir uma agenda de solidariedade com a Venezuela e trabalhá-la também na Europa. Para dizer algo que acreditamos profundamente: cada povo tem o direito de ser governado como queira”, ressaltou.
Já a representante dos Estados Unidos, Claudia de la Cruz, integrante do Projeto Educação Popular no país, classificou como “imoral” a posição do governo de Donald Trump e apresentou contradições no discurso sobre a “crise humanitária” no país latino-americano.
“É uma vergonha, é criminoso, é imoral que os Estados Unidos, um país onde vivem 140 milhões de pessoas pobres, onde há seis milhões de pessoas que convivem diariamente com a fome, venha a dizer que na Venezuela há uma crise humanitária. Venezuela tem a resistência e a defesa de uma revolução que permitiu redistribuir as riquezas aos mais pobres, aos despossuídos. Venezuela não tem uma crise humanitária. Na Venezuela, há uma luta em defesa da vida. Os Estados Unidos não podem dizer isso. A Venezuela é um exemplo da luta pela dignidade de todos os povos do mundo, e por isso estamos aqui”, disse.
A Assembleia Internacional dos Povos acontece no momento em que o governo da Venezuela vem sendo pressionado por outros governos da região, sobretudo da Colômbia, do Peru e do Brasil, além da administração de Donald Trump. Dezenas de chefes de Estado reconheceram o autoproclamado presidente interino da Venezuela, deputado Juan Guaidó e, por meio dele, tentam ingressar com uma suposta ajuda humanitária ao país.
O governo de Nicolás Maduro, reeleito em maio de 2018 para una nova gestão de seis anos, rejeita a entrada dos insumos por desconfiar do conteúdo e por interpretá-lo como um “cavalo de Troia”, que abriria caminho para intervenção militar estrangeira.
Neste domingo (24), como parte da abertura da Assembleia, será realizado um “show pela paz” na capital venezuelana, Caracas.