Resolução sobre Balanço Eleitoral e Perspectivas para a Juventude do PT

As eleições de 2012 foram decisivas para o PT e a juventude brasileira. Não temos dúvidas de que o PT saiu com um importante resultado.

Foi o partido mais votado, governará a maior população e gerirá a maior receita somada. Em consonância com o balanço eleitoral aprovado no Diretório Nacional do PT, no dia 7 de dezembro, comemoramos a vitória do PT, o enfraquecimento da agenda neoliberal no Brasil e as derrotas sofridas pelo pólo conservador encabeçado por PSDB e DEM.

A Juventude do PT observa as eleições e o cenário pós-2012 com otimismo e atenção. A vitória eleitoral obtida pelo partido não pode relativizar algumas derrotas e tantas não conquistas. É nossa tarefa lutar pelo fortalecimento do PT e expandir o sentido de unidade, internamente e com o conjunto do campo democrático e popular.

É importante afirmar que há uma valorização muito forte da dinâmica de renovação da política brasileira. No que se refere ao PT, tivemos vitória substancial a partir de uma nova geração de líderes, cujo maior símbolo é Haddad. Dados do final do 1º turno apontam que mais da metade dos/as nossos/as Prefeitos/as eleitos/as tem até 50 anos.

Para além de uma renovação no que tange à faixa etária, há um movimento cada vez maior em torno de uma nova cultura política, novos atores, nova organização para além das estruturas tradicionais. O PT não está imune a isso. Nos somamos ao conjunto do partido na busca por atualizações programáticas condizentes com o novo tempo que experimentamos.

Temos, diante de nós, o desafio de aproveitar os novos mandatos municipais para atualizar o programa do PT para a gestão do Estado, a partir de inúmeras inovações empreendidas no Governo Federal, valorizando a experiência de uma enorme quantidade de servidores públicos concursados, petistas e, em sua maioria, “jovens”.

Vimos uma eleição na qual candidatos/as e partidos apresentaram programas com intensa presença de políticas públicas, apontando num sentido de construção de uma agenda anti-neoliberal no país. Ao mesmo tempo, quando fazemos um recorte de juventude, percebem-se concepções atrasadas e conservadoras, como a diminuição da maioridade penal para resolver os problemas de criminalidade.

Nesse sentido, o programa Juventude Viva é fundamental para enfrentarmos o problema da violência e do extermínio da juventude. Ainda disputamos uma concepção da necessidade do Estado em garantir a permanência maior da juventude na escola, cuidando da sua formação e retardando sua entrada no mercado de trabalho. Assim, a agenda de mais investimentos na educação aliada ao aumento da qualidade, vista pela ótica do combate à precarização e pela afirmação de um modelo democrático para educação pública, deve estar no centro dessa nova agenda anti-neoliberal.

Por isso, é necessário que o Partido dos Trabalhadores construa ações capazes de dialogar com esse segmento e que se contraponha à ofensiva conservadora sobre o conjunto das políticas emancipatórias que afetam a vida dos/as jovens trabalhadores/as, das mulheres e da população negra.

Outras agendas também se mostram urgentes. É necessário organizar um enfrentamento ao monopólio da Mídia e repensar o sistema eleitoral brasileiro, que favorece a esfera privada. A agenda em torno da Reforma Política, pautando o financiamento público de campanha e a lista fechada com alternância de gênero, é assunto prioritário.

Por fim, é momento de preparar a cena de 2014. Programaticamente, a chave está na demarcação do nosso campo como o campo da política social e, por conseguinte, a construção de uma narrativa que preveja o desenvolvimento do nosso “sistema de direitos” e maior conexão entre participação social e o planejamento do desenvolvimento.
A nova geração e as eleições

O balanço que fazemos da participação da Juventude do PT nas eleições municipais é positivo. Do ponto de vista quantitativo, cumprimos a importante meta de ampliar o número de candidaturas jovens petistas e, consequentemente, de nos reposicionar na disputa por mais avanços nas políticas de juventude.

Representando trajetórias de luta feminista, antirracista, comunitárias, por PPJs, pelos direitos civis LGBTs, por acessibilidade, entre outras, lançamos 3.954 jovens candidatos/as, sendo 3.855 a Vereador/a, 50 a Prefeito/a e 65 para Vice-prefeituras. Do total de candidaturas à Vereador/a em todo o Brasil, elegemos 433 candidatos/as (o total de eleitos/as do PT foi de 5.185). Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul foram os estados nos quais elegemos o maior número de Vereadores /as jovens petistas. Além disso, foram eleitos/as 17 Prefeitos/as jovens petistas, de um total de 50 candidatos/as.

Nas eleições municipais de 2008, o PT elegeu 373 jovens Vereadores/as e 9 Prefeitos/as. Comparando os dados de 2008 e 2012, percebemos com entusiasmo o nosso crescimento, de 16% em relação ao número de jovens Vereadores/as e 88% de Prefeitos /as eleitos/a.

Ganhou força a nova geração do partido como um todo. O partido elegeu 133 candidatos/as de 29 a 40 anos, totalizando 149 novos gestores que englobam a segunda e terceira gerações petistas de um montante de 628 eleitos só no primeiro turno. O desafio agora é renovar o projeto com ousadia. É preciso que os novos eleitos sejam preparados para gerir o estado e integrarem seus municípios às metas e objetivos federais, à nova safra de políticas públicas criadas no Brasil.
É possível afirmar que a temática de juventude tem mais centralidade hoje, e isso não só por conta do bônus demográfico e a necessidade de disputar esse segmento. Para exemplificar, temos dois fenômenos: primeiro, vimos um aumento da quantidade de jovens que optou por tirar o título e foi às urnas pela primeira vez, a mobilização de 41% dos jovens brasileiros de 16 e 17 anos é comemorável num cenário de criminalização da política e ataques da direita; segundo, foi novamente vitorioso o comprometimento do conjunto das candidaturas às Políticas de Juventude, evidenciado através da intensa adesão ao “Pacto pela Juventude 2012”, proposto pelo Conjuve.

Saudamos a militância jovem petista, que esteve corajosamente organizada nas campanhas municipais e que influenciou diretamente no programa e nos rumos de nossas candidaturas petistas!
Desafios colocados

Apesar do exitoso saldo eleitoral para nós, e em que pese os avanços obtidos a partir do Governo Lula, ainda não é possível afirmar que a maioria dos 50 milhões de jovens brasileiros/as votou no nosso projeto. Portanto, é preciso fortalecer a disputa de valores e opiniões da juventude brasileira!

Principalmente, nos coloca a necessidade de reafirmar nossa identidade socialista e a radicalização da democracia. Está posto na ordem-do-dia um importante papel para a Juventude do PT, como celeiro de quadros para a esquerda brasileira, para a revolução democrática e como vanguarda da transição geracional do petismo e de um projeto democrático e popular da democracia do Brasil.

Isso exige à JPT dialogar com os setoriais do PT num sentido transversal e geracional para a elaboração de um projeto baseado na promoção e efetivação de direitos, assim como da universalização dos serviços públicos em desenvolvimento, sendo o elo com a atualização da estratégia partidária para a transformação do país.
As tarefas elencadas no 2º Congresso da Juventude do PT permanecem vivas. Uma é a municipalização da JPT, como forma de organização de base e capilarização de nossa política, numa cooperação entre Direção Nacional e Secretarias Estaduais. A outra é a formação da nossa militância jovem, articulada à política geral de formação do PT. Esse processo precisa ser combinado com uma grande mobilização da nossa base, em conjunto com os movimentos sociais.

Para 2013, algumas agendas são essenciais: capacitar novos gestores e parlamentares a interagir com o planejamento público e o sistema nacional de participação social; promover uma reflexão sobre o “balanço da década” de governança petista; articular agentes políticos juvenis que operam políticas em âmbito federal; desenvolver o diálogo com as juventudes políticas sul-americanas dos partidos de esquerda que dirigem os governos progressistas; concluir o debate sobre o modelo organizativo da Juventude do PT; dar continuidade ao processo de organização das jovens mulheres petistas, e aprofundar a formação política da juventude conectada e articulada com nossas lutas sociais.

Nos próximos meses, a JPT deve protagonizar uma grande mobilização junto com os partidos de esquerda, os movimentos sociais, e o conjunto da juventude e da sociedade brasileira, no sentido de aprofundar a revolução democrática no país. Para isso, temos como grande desafio organizar uma Jornada de Lutas em torno da reforma política, democratização dos meios de comunicação, educação e trabalho, e contra o extermínio da juventude.
Juventude petista, de esquerda e socialista!

Brasília, 14 de dezembro de 2012
Executiva Nacional da Juventude do PT

 

 

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