Reunião ampliada do Coletivo Nacional reúne deputadas e secretárias estaduais

Durante encontro, companheiras destacaram a importância de atualização de debates sobre o mundo do trabalho; ascensão das eleitas foi reconhecida por todas

Comunicação /SNMPT - Elas por Elas

As companheiras foram unânimes em afirmar que, conforme as mulheres ampliam a participação nos espaços de poder, aumentam também os casos de violência política de gênero

Realizada ontem quinta-feira, 5, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília, a reunião ampliada do Coletivo Nacional de Mulheres do PT contou com a participação das secretárias estaduais, e das deputadas federais Ana Pimentel (PT-MG) e Natália Bonavides (PT-RN), da deputada estadual Laura Sito (PT-RS), e da Superintendente de Promoção e Inclusão Socioprodutiva da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres do Governo da Bahia, Luciana Mandeli.

Passadas as eleições, o encontro objetivou fazer uma análise sobre a conjuntura das disputas, e os principais desafios para o pleito de 2026.  Na ocasião, também houve o lançamento do “Circuito Elas por Elas de Formação”, que será realizado em 2025. 

“Aproveitamos que o PT está organizando o seminário nacional “A realidade brasileira e os desafios do Partido dos Trabalhadores”, para fazer a reunião ampliada do Coletivo Nacional e decidimos ampliar para algumas companheiras secretárias e dirigentes. Esse momento de reencontro é muito importante para nós”, afirmou Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT. 

“Temos que tratar sobre o que tem acontecido no nosso país. Acabamos de vir de um processo eleitoral, que não foi simples. Mas viemos de uma crescente na presença das mulheres desde quando assumi a Secretaria, não diminuímos e nem estagnamos o número de mulheres eleitas”, celebrou. 

2016 – Total eleitas (vereadoras, prefeitas e vices): 444 + 31 + 44 = 519

2020 – Total eleitas (vereadoras, prefeitas e vices): 561 + 28 + 51 = 640

2024 – Total eleitas (vereadoras, prefeitas e vices): 772 + 41 + 60 = 873

ASCENSÃO GERAL DE ELEITAS

2016 – 2020 – 23,3%

2020 – 2024 – 36,5%

2016 – 2024 – 69,3%

Entretanto, as companheiras foram unânimes em afirmar que, conforme as mulheres ampliam a participação nos espaços de poder, aumentam também os casos de violência política de gênero. 

Foi unânime que as companheiras estão atentas às diferenças das vitórias da eleição para presidente da República, e das derrotas no âmbito municipal, e que isso demonstra a necessidade de enfrentar os mecanismos de coerção e vigilância que o aparato coronelista da extrema direita utiliza nos territórios.

“Olhando o cenário, vemos que a sociedade mudou, não importa os programas sociais, eles já não são novidade para uma parcela da sociedade. Paralelamente, há o uso da religiosidade com viés ideológico nos processos eleitorais. Por isso, precisamos pensar em alternativas, e nós mulheres temos uma responsabilidade muito grande, tendo em vista que os dados apontam que, se a eleição fosse exclusiva de mulheres, o cenário seria muito menos conservador, e que massivamente os votos de Lula foram das mulheres olhando em 2018, e agora a eleição com o presidente Lula. Por isso, a configuração para 2026 não será simples, e isso reforça ainda mais a importância de estarmos organizadas para levar as posições construídas coletivamente para todo o partido, afinal, nosso trabalho é construído de forma transversal. Nessa análise, a gente deve colocar nossa posição para o partido, não somos algo separado do PT. Tivemos também importantes disputas. Pela primeira vez tivemos mulheres nas eleições em capitais, as eleições municipais dizem muito sobre as eleições nacionais. E se tivermos que consertar coisas, devemos fazer agora”, contextualizou a secretária. 

A deputada federal e presidenta da Comissão da Mulher da Câmara dos Deputados, Ana Pimentel, destacou que, nas eleições de 2020, a bancada feminina do PT na Câmara teve um excelente desempenho, com especial atenção para as mulheres negras.

“Nesse último período, aumentamos a bancada federal, somos a maior bancada feminina da Câmara e somos ⅓ da bancada do PT, e isso mostra a importância do financiamento público da campanha. Quero destacar, também, o avanço da luta das mulheres do PT na defesa das cotas, onde as mulheres petistas foram decisivas. Esse resultado mostra que a decisão do PT de priorizar candidaturas de mulheres petistas e colocá-las como cabeça de chapa foi acertada. Como consequência , aumentou a participação política, e quando aumenta no espaço nacional, vai aumentando nos estados e municípios. Com isso, a gente elegeu muito mais vereadoras”, celebrou a parlamentar. 

Na sequência, a deputada estadual Laura Sito destacou a urgência de haver debates dentro do partido sobre as mudanças no mundo do trabalho para respondermos às novas demandas, de modo que possível aproximar o projeto petista dos trabalhadores e das trabalhadoras: “A alteração na consciência dos trabalhadores é algo que a gente talvez ainda não tenha conseguido capturar, compreender pra gente também pensar essa nova conexão, e talvez esse seja o maior desafio do nosso governo nesse período, do ponto de vista da sua conexão com uma agenda que consiga dialogar de frente com a nossa trabalhadora.”

A representante do governo da Bahia, Luciana Mandeli, ressaltou a importância do debate sobre a política nacional de cuidados e os impactos na vida das mulheres e contou um pouco da experiência do governo baiano: “Esta é uma política importantíssima, porque ela ajuda a gente a estruturar as outras coisas. No estado da Bahia, a gente fez uma discussão sobre política de cuidados, e lá, no nosso programa de governo, ele não faz parte da política de Desenvolvimento Social, mas faz parte da Secretaria de Mulheres. Dessa política muito vitoriosa, um programa orçamentário que perpassa todas as secretarias de estado, quantificando e identificando o orçamento para que em todos os lugares se entenda o tipo de serviço que se presta, para que a gente pudesse englobar e elaborar uma política com mais atenção. Ao falar sobre política de cuidados, nós estamos buscando essa revolução e ela é um debate de classe, ela nunca foi um debate de gênero. Sempre foi um debate de classe, porque para a classe trabalhadora se estabelecer, para o mundo do trabalho se estabelecer, o nosso trabalho tem sido invisibilizado.”

A companheira Natália Bonavides, que disputou o segundo turno para a prefeitura de Natal, e fez uma campanha elogiada por todos e todas, afirmou ser necessário que as companheiras entendam a nova realidade do trabalho: “Esse é o tema que temos que nos debruçar. Quais são os instrumentos de organização da nova classe trabalhadora? As mulheres petistas têm trazido o debate de gênero muito forte, e é muito importante que a gente faça essa conexão também porque a conexão desses temas, na minha opinião, foi uma das coisas que mais permitiu para que a gente ampliasse nossos quadros de eleitas. A renovação do PT, majoritariamente, foi de mulheres, mulheres negras e jovens. Talvez o identitarismo do homem branco esteja acarretando em erros de análises.”

Ao encerrar sua fala, a deputada destacou a importância de as mulheres continuarem cultivando  esperança: “Para nós, que acreditamos em uma sociedade diferente, e a gente  sabe que não vai cair do céu, para a gente que é de esquerda, ter esperança é uma tarefa política, ter esperança que o mundo pode ser mudado. Temos que nos fortalecer que a nossa ação coletiva tem um poder de alterar a história. Que bom que estamos vivas agora.” 

Formação para mulheres do PT

A nova estratégia de formação política, idealizada pela SNMPT, consiste em um processo formativo na ponta, onde o objetivo é realizar viagens aos estados para aproximar as lideranças da Secretaria à população na base. 

 

Da Redação do Elas por Elas 

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