Ricardo Mezavila: Trabalho, esforço e soberania
Mezavila escreve sobre a relação entre os Estados Unidos, o petróleo e o golpe no Brasil
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Quarenta e cinco dias pelo oceano é o tempo médio que um navio cargueiro leva para transportar petróleo do Oriente Médio para os Estados Unidos. É muito dispendioso e a travessia severamente longa. Isso impacta na economia da maior democracia do planeta, lugar abençoado que introjeta na classe média mundial o desejo do ‘american dream‘.
Se levarmos a questão para o âmbito das relações internacionais e suas terríveis consequências, iremos lembrar que para se apropriarem do petróleo, os EUA criaram uma guerra absurda envolvendo os países daquela região com direito a invasão por suspeita de inexistentes armas químicas, e ainda lucraram, de ‘lambuja’, com a indústria da guerra.
Passada a quarentena da guerra forjada, os imperialistas começaram a olhar para baixo de suas fronteiras, Na América do Sul existem duas potências petrolíferas onde, historicamente, os governos foram capachos de seus interesses comerciais: Venezuela e Brasil.
Acontece que os dois países, a Venezuela ainda, tinham governos progressistas e populares, não havia o velho motivo de perseguir o ‘tirano’ e invadir territórios. Ainda havia na vizinhança os governos populares na Argentina, Equador, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia.
Como não há guerra sem influenciar a opinião pública, os expansionistas submeteram a população desses dois países a total inversão de valores. No Brasil deram um golpe parlamentar judicial para apear da presidência Dilma Rousseff, que passou a ser odiada por uma parcela imbecilizada pela mídia.
Com a queda da presidenta eleita surgem os entreguistas prontos a fazerem o serviço sujo e entregar o país às potências mundiais. Na sequência do golpe utilizam o lawfare, perseguição judicial contra alguém e tentam a inelegibilidade de Lula, que vence qualquer um nas urnas e é o único capaz de inviabilizar, através do referendo revogatório, todos esses crimes de lesa pátria praticados pelo legislativo, executivo e judiciário, ‘um grande acordo nacional’ como disse o senador golpista Romero Jucá.
Na Venezuela, como a participação e engajamento popular de lutas tem mais tradição, os ianques têm mais dificuldades em penetrar e fazer cair o governo de Nicolás Maduro. Tentam, de todas as formas, instigar a opinião pública, principalmente da América Latina, a odiarem Maduro como fizeram com Dilma, Lula, Cristina Kirchner e Evo Morales, presidentes de países estratégicos para o domínio norte americano em nosso continente.
A parte otimista disso é que tem muita gente acordando do ‘american dream‘, gente que foi às ruas protestar contra elas próprias, inocentemente. Gente que percebeu que vive em um país onde se sonha também, onde o sorriso e a alegria sempre foram matérias primas e aos montes, muito maiores do que todos os poços de petróleo que os EUA têm, mais que usa como reserva, porque não é bobo.
Evo Morales: “Unidos, con trabajo, esfuerzo, con seguridad, pronto volveremos al mar con soberanía”.
Por Ricardo Mezavila, professor e militante do PT desde 1987
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