Rillo: Não vou retroceder em minha atuação na Alesp por ameaças
Deputado estadual do PT lamenta que outros deputados tentem afastar a população da sede do Legislativo estadual
Publicado em
Dois dias depois de os estudantes deixarem o plenário da Assembleia Legistativa do Estado de São Paulo (Alesp), o deputado João Paulo Rillo soube que estava sendo ameaçado de morte por um funcionário da Casa, lotado no gabinete do deputado Delegado Olim (PP-SP).
À Agência PT de Notícias, ele avaliou que este fato é grave, pois indica que a presidência da Alesp, exercida pelo deputado Fernando Capez (PSDB-SP), está seguindo o caminho do autoritarismo. “Não temos nada contra a Polícia Legislativa, mas contra aqueles que usam a polícia para se defender das justas e necessárias cobranças do povo”.
Esta não é a primeira intimidação que Rillo recebe e ele garante que não mudará seu trabalho por isto.
Abaixo a entrevista completa:
Como o senhor avalia a ameaça feita em rede social por um servidor desta Casa?
Faz parte de um grande movimento corporativo, equivocado, porque nosso foco não é a Polícia Legislativa. O nosso foco é investigar os ladrões da merenda. Infelizmente, espalhou-se um clima de terror no estado de São Paulo, com ameaças anônimas e por telefone, cibernéticas. Tivemos notícia de uma ameaça muito séria, de um sargento da Polícia, que inclusive está lotado no gabinete do Delegado Olim (PP-SP).
Tomei as medidas protocolares que devem ser tomadas, fiz o boletim de ocorrência e dei publicidade a esta ameaça. Continuo agindo com serenidade e não vou retroceder em um milímetro a minha atuação aqui na Assembleia.
Também faz parte de uma estratégia de intimidação desses deputados que não querem a investigação. Como eles têm relação – alguns, como está provado que o sargento está ligado ao gabinete do deputado Olim. Devo dizer a eles que estão perdendo tempo. Não me intimidarei e continuarei contundente em minha atuação pela CPI da Merenda.
Dentro da Alesp houve alguma ameaça, depois da ocupação do plenário pelos secundaristas?
O clima aqui não é dos melhores. Tem uma coisa aqui que eu acho uma excrescência. Há um exagero da presença da Polícia Militar, com tanta coisa boa que ela pode fazer nas ruas. Isto faz parte de uma estratégia para afastar o povo. Repito: não temos nada contra a Polícia Legislativa, mas contra aqueles que usam a polícia para se defender das justas e necessárias cobranças do povo.
O que existe aqui é o uso da PM desnecessário e equivocado por vários deputados, neste momento pelo presidente da Casa, para se proteger da cobrança do povo. Quem tem medo de cobrança popular não pode ser deputado. Quem não sabe conviver com a democracia não pode ser figura pública.
O senhor comunicou o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, sobre a ameaça?
Eu tentei me comunicar com ele, ele não me atendeu imediatamente, mas me retornou por mensagem dizendo que um delegado ia entrar em contato comigo. De fato, entrou. Fez recomendações e falou que tomariam as medidas cabíveis.
Nesta terça-feira (10), a Alesp está com vários de seus acessos fechados por conta da sessão da Comissão de Educação. O que este fato representa?
Mostra o equívoco da direção. Mostra que a Assembleia está sem liderança política, uma contradição. De três anos para cá, intensificaram-se as manifestações de rua. Se pegarmos o extrato das manifestações, é sempre por mais democracia, participação, transparência. Por mais acesso a políticas públicas de qualidade. O Capez mostra que está chocando com a história. Na minha opinião, ele vai ser chocado pela história – a história pede mais democracia e na Alesp a gente vê cada vez menos democracia.
Por Daniella Cambauva da Agência PT de Notícias