Rochinha: Em Davos, intolerância e ganância
Encontro de Davos: A intolerância e a ganância podem levar a humanidade à barbárie Terminada a famosa reunião da força do capital mundial em Davos, na Suíça, o que fica…
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Encontro de Davos: A intolerância e a ganância podem levar a humanidade à barbárie
Terminada a famosa reunião da força do capital mundial em Davos, na Suíça, o que fica para nós é uma sensação de fracasso.
O tal fórum financeiro mundial não deliberou nada de importante, após dias de reuniões entre as maiores potências financeiras do mundo, e não obteve nenhum resultado concreto no que diz respeito às perspectivas para a melhoria das condições de vida dos mais de sete bilhões de seres humanos que habitam o planeta.
Antes da reunião, já havia sido divulgado um levantamento surpreendente sobre o avanço da concentração da riqueza sob o domínio de uma ínfima quantidade de ricaços. Vejam a discrepância: 72 milhões de magnatas concentram 99% das riquezas, enquanto 7,2 bilhões de seres humanos conseguem mínimos recursos para a sua sobrevivência.
Os dados são alarmantes e, na minha opinião, era o momento deste encontro de Davos – com a presença de chefes de Estado e de representantes das grandes instituições financeiras do mundo inteiro – ter tirado uma resolução no caminho inverso do que vivemos no momento. Ou seja, promover a descentralização da riqueza, em mãos de poucos, para distribuir minimamente o necessário para este enorme contingente que habita nosso planeta.
A falta de sensibilidade dos afortunados do planeta Terra pode levar esta multidão ao absoluto desespero num momento de profunda crise. A ganância é a responsável, em boa parte, pelo desespero, o preconceito e a intolerância que se espalham pelo mundo, atualmente. Enquanto assistimos inúmeros avanços em matéria de tecnologia, a grande maioria da população trabalhadora mundial ainda sobrevive nos moldes brutais dos séculos 18 e 19.
Quanto à globalização, que tantos alardearam que iria melhorar a situação dos seres humanos, pelo contrário, está transformando o mundo em um ambiente de caos. São latentes os exemplos do que aconteceu recentemente na França e na África, onde o terrorismo mata inocentes. Tudo isso é resultado do apartheid político, econômico e religioso que ocorre em várias partes do mundo, especialmente na Europa, no Oriente Médio e na África.
Lembrando também que, hoje, mais de 13 milhões de imigrantes procuram um lugar para sobreviver no mundo.
Ou os detentores das grandes fortunas tomam consciência de que o mundo caminha a passos largos para um violento confronto entre ricos e pobres, ou todos nós pagaremos um alto preço, possivelmente a médio e longo prazo.
Ainda espero uma profunda reflexão dos afortunados para uma urgente e necessária mudança de postura mundial.
Francisco Rocha, o Rochinha, é presidente da Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores