Satélite para a Amazônia será operado em Brasília
Testes realizados essa semana para avaliação do projeto confirmam o cronograma de lançamento para 2016
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Com 20 meses de contagem regressiva pela frente até o lançamento, o satélite brasileiro bolado para distribuir sinal de internet passou, esta semana, por mais um teste. O aparelho, criado para beneficiar 600 milhões de pessoas no Brasil e na África, teve o design preliminar aprovado na França, onde é desenvolvido.
O custo total do projeto foi estimado inicialmente em R$ 1,8 bilhão, dos quais cerca de R$ 405 milhões foram liberados pelo governo da presidenta Dilma Rousseff, há um mês. O desenvolvimento do satélite começou há um ano, em janeiro de 2014, com a previsão de 32 meses para conclusão.
Em setembro de 2014, os técnicos da Telebrás, Ministério da Defesa, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) submeteram o projeto ao trabalho de revisão crítica com a Visiona Tecnologia Espacial, na cidade francesa de Toulouse.
A Visiona, joint venture formada a partir de parceria entre as brasileiras Telebrás (49%) e Embraer (51%), foi criada especialmente para tocar e supervisionar a execução do projeto. A etapa derradeira, da construção do artefato, será realizada na base da empresa Orbital, na cidade de Dulles (Virginia), nos Estados Unidos, onde também serão realizados todos os testes com o equipamento.
Soberania – A operação comercial está prevista para janeiro de 2017. Um dos objetivos do satélite é garantir a soberania nacional nas áreas de telecomunicações e de tecnologia espacial.
O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicos (SGDC) vai disponibilizar banda larga a cerca de 2 mil municípios, especialmente na Amazônia, prioritariamente naqueles com menos de 50 mil habitantes. A estratégia faz parte do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), por meio do qual a presidenta Dilma Rousseff pretende atender dois milhões de usuários, até o final de 2018.
“O SGDC levará conexão de alta velocidade aos municípios mais remotos, aonde não chega a rede de fibra óptica da Telebrás”, informa nota da empresa. “O satélite vai também garantir a segurança das comunicações na área do pré-sal, a chamada Amazônia Azul”, acrescenta a estatal.
O satélite também vai assegurar maior independência, capacidade e interconexão aos sistemas de comunicação do Ministério da Defesa.
O aparelho está sendo construído pela Thales Alenia Space e será lançado pela francesa Ariane Space, entre setembro e dezembro de 2016, no Centro Espacial Europeu, base de lançamento localizada em Kuru, na Guiana francesa, território francês vizinho ao Brasil.
O satélite terá cinco transponders em banda X, para uso privativo em comunicação militar, e 67 spots beams em banda Ka. Essa tecnologia, chamada de “feixe concentrado”, permite a transmissão de diferentes dados para locais distintos, com delimitação geográfica da cobertura desejada, usando as mesmas faixas de frequência.
A vida útil do satélite é de 15 anos e o projeto representa um inédito avanço brasileiro na corrida espacial: será operado pelo Centro de Controle (Cope), a partir de Brasília ou Rio de Janeiro. Os três satélites brasileiros anteriores (inclusive em parceria com a China) têm operação em países estrangeiros. A licitação do projeto arquitetônico do Cope foi lançada em setembro.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias