Sérgio Nobre debate reindustrialização com o presidente do Consórcio Nordeste

“A desindustrialização do Brasil, com desemprego, tira o meu sono”, disse Wellington Dias para o presidente nacional da CUT, ao assegurar apoio aos projetos do movimento sindical para o setor

Site da CUT

Governador Wellington Dias, presidente do Consórcio Nordeste, com Sérgio Nobre, presidente da CUT

Com a certeza de que somente a parceria e a unidade de diferentes atores, como governos estaduais, vão garantir a recuperação da indústria brasileira “para aqueles que constroem a riqueza do país, os trabalhadores e as trabalhadoras”, Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, reuniu-se na tarde de quarta-feira (10), em Brasília, com o governador do Piauí, Wellington Dias, que é o presidente do Consórcio Nordeste de governadores.

Sérgio foi dialogar, buscar parceria e apoio para o que aponta como ”uma das principais pautas da classe trabalhadora”, a reindustrialização do país.  E encontrou: “A desinstrualização do Brasil, com seu consequente desemprego, tira o meu sono”, disse Wellington Dias, ex-bancário e dirigente sindical cutista, que governa o estado do Piauí pela quarta vez, tendo sido vereador, deputado estadual, federal e senador pelo PT.

Sérgio disse compartilhar da mesma insônia do governador: “Porque nenhuma nação do mundo conseguiu dar um padrão de vida decente para o seu povo sem ter uma base industrial muito forte”. E completou: “o Brasil vem se desindustrializando há mais de 30 anos e atingiu um momento ainda mais dramático durante a pandemia, porque a ausência de uma política de indústria com conteúdo nacional contribuiu com as milhares de mortes nessa crise sanitária, por falta de produção local de produtos como respiradores, camas hospitalares e, lá no início, até de máscaras”.

“Nós temos disposição [de apoiar], sim, e interesse em ajudar, porque o cenário brasileiro precisa de bons exemplos para ganhar confiança e otimismo, assim como o Consórcio Nordeste se tornou um embrião que ganhou e reproduz confiança para os outros”, disse o governador, ao pedir que os projetos sejam colocados na mesa. Sérgio garantiu que o serão.

Para esses projetos visando a reindustrialização, a classe trabalhadora, afirmou Sérgio ao coordenador do Consórcio Nordeste, conta com a IndustriALL-Brasil, cujo presidente, Aroaldo Oliveira, participou da reunião desta quarta-feira. Formular estudos e projetos à retomada da indústria nacional, disse Aroaldo, é prioridade da instância. A IndustriaLL-Brasil, fundada no ano passado, reúne sindicatos e entes filiados à CUT e à Força Sindical, que representa 10 milhões de trabalhadores na indústria em todo o país. Dirigentes das duas centrais compõem, de forma inédita e histórica, a direção da IB.

Wellington Dias, que assumiu a presidência do Consórcio Nordeste em setembro de 2020, disse que a classe trabalhadora, no Brasil e no mundo, precisa de integração, de união, portanto, de mais instâncias como a IndustriALL-Brasil e iniciativas como a da CUT e do movimento sindical. “Não só na indústria, mas no campo, no comércio em todos os setores”, afirmou o governador do Piauí.

“Precisamos pensar em algo que venha atualizar, porque o mundo, o Brasil está atrasado, o modelo globalizado de industrialização é de simples abertura industrial”, analisou Wellington Dias, ao garantir apoio dentro do Consórcio aos bons projetos que forem apresentados pelo movimento sindical. “Queremos compreender com vocês [a organização sindical] o que os Estados podem fazer”, disse o governador. Segundo ele,  o investimento é hoje a principal trava à retomada da indústria.

Para o presidente da IndustriALL-Brasil, a pandemia mostrou que o mundo está dependente da produção chinesa e acelerou a visão de que as nações precisam reorganizar suas cadeias produtivas.  “Mas o Brasil não está fazendo o debate da renacionalização, da reindustrialização; está fora, porque aqui não tem articulação sobre o que será o futuro da indústria”, afirmou o dirigente ao governador.

Sérgio Nobre disse que a conversa como o coordenador do Consórcio Nordeste foi mais um passo importante para integrar atores essenciais, como governos estaduais, à luta pela reindustrialização, visando gerar empregos de qualidade e combater a desigualdade.  Segundo o presidente nacional da CUT, “precisamos nos unir para discutir a política industrial e fazer o país andar. Veja o setor automotivo, por exemplo, são todas empresas multinacionais que não têm interesse em um projeto nacional de desenvolvimento”. O fechamento de fábricas da Ford em Camaçari (BA) e em Taubaté (SP) esteve na pauta da reunião.

“Em um país, por ora, desgovernado, sem política de conteúdo nacional, precisamos da unidade de todos, e diálogos visando apoio de instâncias como o Consórcio Nordeste fazem parte da luta por essa retomada, por um Brasil melhor”, disse o presidente nacional da CUT.

CUT

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