Sob liderança de Lula, Aliança dos Biocombustíveis amplia investimentos no país

Tecnologia brasileira em etanol abre caminhos para novos negócios. “Todo mundo sabe que o Brasil é o país que tem uma tradição, quase que de 50 anos, na produção de etanol”, afirmou o presidente Lula, na Índia

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Durante à cúpula do G20, o Brasil apresentou um plano detalhado sobre como os biocombustíveis podem contribuir para uma nova economia verde

A ambiciosa agenda geopolítica do presidente Lula de combate às desigualdades, erradicação da fome no mundo até 2030 e promoção do desenvolvimento sustentável consolidou-se neste final de semana, a partir da realização da cúpula do G20, na Índia. No encontro, Lula recebeu oficialmente a Presidência do bloco, que começa a vigorar a partir de 1º de dezembro. Um dos grandes avanços da cúpula deste ano é a Aliança Global dos Biocombustíveis (GBA, na sigla em inglês), anunciada por Lula e os presidentes dos EUA, Joe Biden, da Argentina, Alberto Fernández e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modie.

O lançamento da Aliança, além de representar um progresso em relação ao desafio das maiores economias do planeta de promoverem um processo seguro de transição energética, representa uma excelente oportunidade para o Brasil atrair investimentos. Durante à cúpula na Índia, o governo brasileiro apresentou um plano detalhado sobre como a utilização dos biocombustíveis pode contribuir para uma nova economia verde no mundo.

O país ocupa hoje a vice-liderança em etanol, respondendo por 27% da produção, atrás dos EUA, que garantem 55% do biocombustível, de acordo com a  Associação de Combustíveis Renováveis, RFA.

“Todo mundo sabe que o Brasil é o país que tem uma tradição, quase que de 50 anos, na produção de etanol”, lembrou o presidente Lula, nesta segunda-feira (11), durante a entrevista coletiva que marcou o encerramento da 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do G20, em Nova Delhi, na Índia .

“Todo mundo sabe o que tentamos fazer para que o mundo adotasse os biocombustíveis como alternativa ao petróleo. Já faz tempo, antes de qualquer crise de petróleo. É porque achamos que o mundo precisa ser despoluído”, destacou Lula.

“Mais desenvolvimento com menos emissão de carbono”

Com isso, o governo Lula pretende transformar necessidade em oportunidade. Segundo dados fornecidos pelos governos brasileiro e indiano, a produção de biocombustíveis precisará triplicar até 2030 se o planeta quiser zerar suas emissões líquidas até o ano de 2050. Isso significará, nas palavras do presidente Lula, “mais desenvolvimento com menos emissão de carbono e menos dependência de combustíveis fósseis”.

“É uma iniciativa extraordinária, envolvendo quase 3 milhões de seres humanos. Imagine se a gente resolver duplicar a produção de etanol até 2030? O que vai acontecer no mundo?”, indagou Lula, na coletiva.

É justamente pela necessidade de aceleração da transição energética que entra a liderança do Brasil, que responde hoje com 20% de biocombustíveis líquidos do consumo de energia em transportes. “O mundo vai produzir mais, vai precisar de equipamentos. Qual é o maior produtor mundial de equipamento para produção de etanol? É o Brasil”, declarou o presidente da Datagro Consultoria e integrante do Conselho Nacional de Política Energética, Plinio Nastari, à BBC Brasil.

À rede britânica, Nastaria afirmou que o Brasil poderá se beneficiar da produção de etanol a partir da cana-de-acúcar para exportar carros flex e a própria tecnologia de produção de biocombustíveis.

“Sendo um carregador de hidrogênio, o etanol permite que você faça a distribuição de hidrogênio na forma de um combustível líquido, de forma prática, econômica e segura. E a transformação desse combustível líquido etanol em hidrogênio ocorre no ato do consumo”, observou o especialista.

O presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Evandro Gussi, também falou à agência britânica sobre as possibilidades abertas pela criação da Aliança Global dos Biocombustíveis. “O que no fundo essa aliança global vai fazer é justamente construir um processo de cooperação para que sejam acelerados os processos de adoção da bioenergia como substituto a fontes energéticas fósseis”, ressaltou Gussi, que também participou da cúpula.

“Essa ideia nasce de um exemplo concreto: o que os setores público e privado do Brasil têm feito com a Índia nesses últimos anos é compartilhar a nossa experiência na produção de bioenergia, especificamente de etanol”, concluiu o executivo.

Da Redação, com BBC News

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