SP: Santa Casa demitirá 1,3 mil servidores

Sindicância estima crise financeira em R$ 800 milhões; sindicato promete reagir

O plano de reestruturação para tirar a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo da crise financeira que enfrenta, estabelece a demissão de 1,3 mil dos 7.194 servidores. Um corte de 18% e uma economia mensal de R$ 4 milhões, segundo o novo superintendente da instituição, Irineu Massaia.

De acordo com a direção, a folha de pagamento representa 65% dos seus custos. Segundo relatório da auditoria externa contratada pela Secretaria Estadual de Saúde, a Santa Casa possui 21 funcionários por leito, quanto a média é de cinco por leito. Masaia afirma que o setor administrativo deverá sofrer os maiores cortes, enquanto o corpo médico deverá contratar mais profissionais.

As dívidas da irmandade podem chegar a R$ 800 milhões. O plano também prevê a redução de R$ 30 milhões para R$ 22 milhões os gastos com atendimentos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a revisão de contratos com fornecedores de materiais e medicamentos. Segundo o superintendente, a Santa Casa pretende devolver 27 unidades de saúde municipais administradas por ela, às prefeituras de São Paulo e Guarulhos.

Enquanto aguarda para janeiro a liberação de um empréstimo de R$ 44 milhões, contraído da Caixa Econômica Federal (CEF), a Secretaria Estadual de Saúde repassou R$ 3 milhões para as despesas mensais com material e medicamentos.

Sindicato – Para a diretora de departamento jurídico do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde de São Paulo (SinSaúdeSP), Maria de Fátima Neves, o processo não é tão simples e a instituição deverá provar, em reunião marcada com a diretoria para o dia 7 de janeiro, que há funcionários sobrando na Santa Casa.

“Senão vai caracterizar demissão em massa e entraremos na justiça”, afirmou a diretora.

Afastamento – Um abaixo assinado eletrônico com mais de três mil assinaturas acusa a administração de Kalil de inúmeras irregularidades como: contratos obscuros, mal uso de verbas públicas, desvios de recursos, supersalários, funcionários fantasmas (comissionamentos difíceis de justificar), má gestão do patrimônio.

O manifesto e a sindicância instaurada para apurar a má gestão da Santa Casa, provocaram o afastamento do provedor Kalil Rocha Abdalla, por 90 dias. Segunda-feira (22), o Pronto Socorro da Santa Casa fechou suas portas para as mais de sete mil pessoas que atende diariamente, incluindo suspensão de cirurgias e exames laboratoriais. Mantidas apenas as consultas agendadas e acompanhamento de internados.

A Secretaria Municipal da Saúde manifestou apoio, oferecendo medicamentos e materiais médico-hospitalar.

O Ministério da Saúde informou que não foi comunicado da decisão e entrou em contado com a responsável pela gestão da Santa Casa, a Secretaria Estadual de Saúde, para saber quais as providências estão sendo tomadas e se colocou à disposição para solucionar o problema.

De acordo com a nota, o MS afirma que os recursos repassados à Irmandade não se limitam a pagamentos da tabela do SUS. Dos R$ 303 milhões previstos para 2014, a Santa Casa receberá 49,7% em repasse para a tabela SUS e 50,3% em incentivos.

A nota afirma ainda que o governo colocou à disposição das santas casas o Prosus – programa de refinanciamento de dívidas tributárias.

Kalil foi reeleito provedor para o período 2008-2011, em disputa com o médico e membro diretor da Santa Casa, José Luiz Egydio Setúbal. Quatro dias antes da eleição, Setúbal publicou uma análise (http://jornalggn.com.br/noticia/a-crise-na-santa-casa-de-sao-paulo) no jornal GGN, do jornalista Luís Nassif, sobre os motivos de sua candidatura a provedor da Santa Casa.

Setúbal externa preocupação com os rumos da secular instituição. Segundo ele, ao analisar balanços publicados no Diário Oficial do Município de São Paulo, antes de 2008, as receitas eram “ligeiramente” superiores às despesas. De 2008 a 2012, as despesas superam as receitas, a dívida bancária salta de R$ 70 milhões para quase R$ 350 milhões e o patrimônio líquido fica pouco abaixo de R$ 50 milhões.

Antes de ser afastado, Kalil afirmou à imprensa que não viu no resumo da sindicância que investiga a crise qualquer coisa que o desabonasse e não cogitou deixar o cargo.

“Eu estou confortável no cargo”, afirmou o provedor.

Por Guilherme Ferreira, para a Agência PT de Notícias

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