Uma mulher corajosa, socialista e coerente. Assim é Luiza Costa Maia, que deu os primeiros passos na política em Ruy Barbosa, no centro norte baiano, onde nasceu e viveu até os primeiros anos da adolescência. Lá, no pequeno município cujo nome homenageia um dos maiores homens públicos da história brasileira, freqüentou os movimentos de base da Igreja Católica e despertou contra as injustiças sociais. Também foi nessa época que descobriu a vocação para a educação. Filha de Seu Otaviano e de Dona Binha, a menina que estava sempre disposta a desbravar novos conhecimentos, decidiu alfabetizar os trabalhadores rurais da propriedade do pai, que incentivava e admirava a sua inteligência.

Aos 14 anos, Luiza deixou a vida no interior para estudar em Salvador. Foi fazer o curso ginasial, atual ensino médio, no Colégio Central da Bahia, na época uma das melhores escolas do estado. Os sonhos de ter uma sociedade mais justa, potencializados neste contexto em função da enorme repressão do período, a fizeram aderir rapidamente ao movimento estudantil.

Na Universidade Federal da Bahia, dedicou-se quase integralmente ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), do qual foi diretora e encabeçou importantes batalhas, a exemplo da organização do congresso de reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1978. O engajamento absoluto na política nunca atrapalhou o seu desempenho no curso de Letras com Espanhol, concluído, diga-se de passagem, no tempo mínimo de quatro anos. Aliás, como a própria Luiza conta, o PCdoB, partido no qual militou durante 20 anos, exigia que os seus quadros tivessem bom rendimento nos estudos, sob pena, inclusive, de serem punidos pela direção partidária.

No final dos anos 70, seguindo orientação do PCdoB, Luiza Maia foi morar em Camaçari, onde montaria uma célula do partido com o apoio de outros companheiros, entre eles Luiz Caetano, que anos mais tarde seria prefeito da cidade e seu marido. Trabalhou no Pólo Petroquímico. Foi encarregada do setor de Comunicação da Companhia Baiana de Fibras, além disso participou de forma decisiva do movimento que resgatou o Sindicato dos Trabalhadores Têxteis das mãos dos pelegos.

Em 1982, também por determinação partidária, foi candidata a vereadora. Elegeu-se literalmente de forma estrondosa, já que venceu nas urnas e consolidou um atributo sonoro pouquíssimo usado até então em Camaçari: carro de som. Era um fusca equipado com caixas de som e microfone, que na prática serviu como palanque móvel durante o processo eleitoral. Como os comunistas só obtiveram o direito de participar oficialmente de eleições em 1987 [o registro do partido foi cassado no final dos anos 40 pelo presidente Eurico Gaspar Dutra].

Três anos mais tarde, em 1985, Camaçari [cujo mandatário era escolhido pelo governo militar] reconquistou o direito de escolher o prefeito através do voto popular. Sabiamente, o povo elegeu Luiz Caetano, de quem Luiza Maia foi secretária de Educação e principal auxiliar, o que lhe rendeu, em 1988, a indicação para a sucessão municipal. Em uma das campanhas mais machistas da jovem democracia brasileira, foi derrotada, não só pela forças da direita [mais uma vez amparadas no discurso demagógico], mas por um dos males que sempre combateu: o preconceito contra a mulher.

No entanto, enganou-se quem imaginou que Luiza Maia iria desistir da política. Pelo contrário, retomou o trabalho de base com ainda mais entusiasmo, organizando grupos de mulheres e atuando junto aos movimentos sociais organizados. Ela intensificou a militância feminista e, em paralelo, ingressou como professora concursada nas redes públicas de Camaçari e do Estado.

Em 1996, conquistou – nas urnas – um novo mandato de vereadora, mas foi impedida de tomar posse por causa da fraude eleitoral, que cinco anos depois tornou Camaçari famosa no noticiário nacional em virtude do cancelamento de mais de 50 mil títulos fantasmas.

Em 2004, resolve novamente disputar um cargo eleito. No PT desde 1998, torna-se a primeira mulher a conquistar um mandato pela legenda no legislativo camaçariense. Em 2006, venceu a disputa pela presidência da Câmara, cargo para o qual foi reeleita em 2009. Nas suas duas gestões à frente da Casa de Leis, destacou-se pela ousadia administrativa e habilidade política. Implantou a TV Câmara, a Tribuna Cidadã, a Ouvidoria, o Projeto Observatório Parlamentar da Juventude e promoveu o primeiro concurso público da história da instituição.

Nas eleições de 2010, tornou-se a deputada estadual mais bem votada da história da Assembléia Legislativa da Bahia, o que a enche de responsabilidade e vontade para superar os novos desafios que se anunciam. Forjada na luta, Luiza quer continuar fazendo a diferença, contribuindo diretamente para que a Bahia seja um estado cada vez mais desenvolvido, feliz e soberano.

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