Teca Notari: No Congresso, somos protagonista da história

Teca Notari participou da luta contra a ditadura militar na década de 1970. De uma família tradicional de Pernambuco, Notari afirma ser de esquerda desde que nasceu. Na redemocratização, já atuando politicamente, ela optou pelo movimento pró-PT.

“Participei da interiorização e legalização do partido, até a sua fundação”, relembra. Notari mudou para São Paulo para encontrar seu companheiro que havia retornado do exílio. Em 1982, quando o PT teve sua primeira disputa eleitoral, Notari já estava no Sudeste.

“Grande parte dos intelectuais e da esquerda que combateram a ditadura e participavam da luta armada optou por construir o PT, e o PCBR (organização da qual ela fazia parte) estava nesse rol”, conta.

O seu movimento, explica, entendia que o PT era um instrumento importante para a luta dos trabalhadores.

“Fui participando de todas as etapas do PT, de todas as disputas e todas as campanhas. Os filhos e netos foram crescendo e também foram pro partido”, diz.

“O Partido dos Trabalhadores é uma parte muito importante da minha vida. Tem duas coisas muito importantes na minha vida: a minha família e o Partido dos Trabalhadores que é a outra parte da minha família”, diz ela.

“Eu sou quem eu sou e minha família é quem é por causa do Partido dos Trabalhadores. Ele não promove só a consciência, ele promove o crescimento humano”, diz. “Enquanto tem o ódio fascista, nós temos amor pelo nosso povo, pelo nosso país.”

6º Congresso Nacional do PT

Notari acredita que este 6 º Congresso Nacional do PT, que começa na quinta-feira (1), é uma conquista da militância. “Foi uma exigência da militância”, diz ela. “Por conta de todos os ataques que o PT sofreu. E era necessário que a militância tivesse envolvida na discussão de reorganizar as bases petistas para enfrentar os desafios que temos pela frente.”

Ela, que é da corrente Avante 21, afirma ter uma expectativa muito positiva em relação ao que será definido. “Para nos fortalecer e nos permitir enfrentar a direita e o fascismo, que estão mostrando a sua cara cada vez mais”, diz.

Para ela, todos os congressos petistas foram emocionantes.

“O encontro dessa militância para formular políticas e apresentar para o conjunto de trabalhadores, o olhar que a gente tem que ter de melhoria para o nosso povo, são momentos emocionantes”, afirma.

“Em todos os congressos, a gente se sente protagonista da história.”

Ódio e base social

Na avaliação de Notari, os governos do ex-presidente Lula e da presidenta legítima Dilma Rousseff fizeram muito bem ao povo, e isso não foi tolerado pela elite brasileira, “branca, de direita, fascista, que não admite que a filha da empregada doméstica se torne uma universitária”. Para ela, o PT tem um papel muito importante de disputa para que o povo não perca as poucas conquistas desses últimos anos.

“O PT acho que está conseguindo retomar a interlocução com sua base social. Porque isso era um problema muito sentido. A base social, os movimentos sociais, estão reconhecendo que o PT tem um papel estratégico, na luta por libertação e conquista de direito”, diz ela.

E Notari afirma que, mesmo com todos ataques, o partido ainda é referência para o povo trabalhador. “O PT é a síntese de todas as lutas dos trabalhadores do Brasil. Ele não foi um partido formado por um grupo de intelectuais e parlamentares. Ele é a síntese de várias lutas”, diz. “Não é fácil destruir um instrumento que foi formado não a partir de um pequeno grupo, mas da necessidade de defesa dos trabalhadores”, conta.

Propostas

De acordo com Notari, alguns assuntos são consenso no debate. “Diretas, nenhum apoio à eleição indireta. Fora de cogitação para nós isso”, diz.

Outro ponto que ela acha importante para o debate é o aprofundamento da democracia partidária. “O PT tem que aprofundar sua democracia, ampliar seu espaço de discussão e formação e a definição de um programa para o país”, afirma.

Além disso, ela acredita ser preciso criar alternativas para que a base participe das discussões e decisões. “Para que os filiados se sintam parte não só do projeto político do PT, mas das decisões petistas”, diz.

“O que me encantou quando eu comecei a participar do PT foi exatamente isso. A capacidade que eu teria de decidir políticas que iriam para a disputa na sociedade. Isso me encantou. O PT não pode perder isso.”

Para ela, o atual Congresso Nacional do PT trouxe debates que já estavam abandonados. E, com a mudança de formato dos Congressos Estaduais, o debate político foi intensificado.

“Isso faz muito bem. Porque quando o conjunto decide politicamente, ele defende politicamente”, diz. “O projeto é defendido na medida que o seu conjunto também participa das linhas políticas”.

Lutas sociais

“Essa corrente de lutas por direitos e contra esse golpe, ela não se encerra, ela não se esvazia aqui não, ela pode crescer, e tem um potencial de milhões de pessoas nas ruas. Diretas virão, queiram eles ou não”, afirma Notari.

As lutas são um processo de acumulação, avalia.“Se não houvesse as manifestações contra o golpe, não teria essa luta em defesa dos direitos, e a manifestação de brasília foi uma coisa grandiosa, que tentaram apagar, mas não tem como, porque tinha uma massa que não dá pra esconder”, afirma.

“E uma próxima greve geral será muito mais poderosa, e quem sabe não colocamos, como nas Diretas, 1 milhão de pessoas nas ruas.”

Marisa

“Esse Congresso tinha que ser uma homenagem a Marisa. O Lula tem a força que tem porque tinha uma Marisa segurando com ele momentos muito íntimos das angústias e das dores”, afirma.

“E ela também foi uma militante ativa. Em, São Bernardo, teve uma atuação muito importante. Não era apenas companheira do Lula, era uma companheira, uma estrela de grandeza. Esse congresso não poderia deixar de homenageá-la: Congresso Marisa Letícia Lula da Silva.”

Da Redação da Agência PT de Notícias