UNE: 83 anos em defesa da educação, da democracia e do Brasil

Em artigo, o diretor da UNE e militante da JPT Ceará, Carlos Filho destaca que nos anos 2000 a entidade segue firme em defesa dos estudantes. Segundo ele, a entidade construiu grandes agendas de luta pela expansão das vagas no ensino superior, em defesa de mais investimento para a ciência e a pesquisa nas Universidades e em defesa dos royalties do petróleo para a educação

Arquivo pessoal

Carlos Filho, diretor da UNE e militante da JPT

Em 1937, foi realizado o I Congresso Nacional dos Estudantes, que aconteceu na Casa do Estudante do Brasil no Rio de Janeiro, e entre as discussões presentes, as origens do movimento estudantil brasileiro, a agenda de lutas e a fundação da UNE- União Nacional dos Estudantes.

De lá em diante a UNE se tornou a principal representante dos estudantes brasileiros e uma entidade estudantil combativa, firme, organizada e mobilizadora da juventude em todas as regiões do Brasil. A entidade protagonizou a luta do “Petróleo é Nosso” nos anos 50, defendendo a soberania nacional e através do Centro Popular de Cultura(CPC) inaugurou um até então inédito vínculo entre arte popular e política, com a juventude à frente.

Protagonista na luta contra a ditadura militar no nosso país entre os anos 60 e 80, foi a UNE que mobilizou grandes passeatas pelo fim do regime ditatorial. Nesse período a entidade foi colocada na ilegalidade, teve dirigentes e líderes estudantis presos, torturados e mortos e realizou encontros de forma clandestina sem nunca perder o horizonte de defesa da democracia e de um Brasil soberano.

No início dos anos 90 foram os estudantes brasileiros que mais uma vez incendiaram as ruas com grandes atos, agora pedindo o Fora Collor, era o Movimento Caras Pintadas liderados pelo paraibano Lindbergh Farias que sacudiam a Nação denunciando os absurdos cometidos pelo presidente aquela época. A história da UNE se confunde com a história da luta do povo brasileiro em defesa da democracia, da educação e dos direitos.

Nos anos 2000 a entidade segue firme em defesa dos estudantes e construiu grandes agendas de luta pela expansão das vagas no ensino superior, em defesa de mais investimento para a ciência e a pesquisa nas Universidades e em defesa dos royalties do petróleo para a educação. Com forte presença na luta contra o Golpe na Presidenta Dilma e na defesa da democracia, denunciando os cortes na educação implementados pelo golpista Michel Temer ao assumir a presidência, e construindo grandes mobilizações pelo Fora Temer, Greve Geral pelos direitos trabalhistas e previdenciários e agora contra Bolsonaro.

De pé a jovem guarda
A classe estudantil
Sempre na vanguarda
Trabalha pelo Brasil
A nossa mensagem de coragem
É que traz um canto de esperança
Num Brasil em paz…

(Hino da UNE- Vinicius de Moraes)

A UNE defende a Educação

A educação é a maior arma de transformação social e em um país tão desigual como o Brasil, cheio de contradições e com dimensões continentais sempre foi um desafio ofertar uma educação pública, gratuita e de qualidade.

A UNE sempre defendeu e lutou pela democratização da Universidade e a expansão do ensino superior sobretudo para o interior do Brasil. Nos governos Petistas tivemos grandes avanços no que diz respeito a esse tema. Com o REUNI, que criou diversas universidades, ampliou o investimento e interiorizou o ensino superior federal, com o ProUni que garantiu milhares de bolsas integrais de estudo nas universidades privadas de todo o Brasil e com o FIES que aumentou o número de atendidos com programa de financiamento de graduação em universidades pagas.

Todos esses avanços e projetos só foram implementados devido à grande atuação da União Nacional dos Estudantes junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional, mesmo com muitas críticas que a própria entidade fez por entender que o ensino deve ser 100% público e gratuito, mas é inegável o grande processo de democratização das Universidades brasileiras.

As lutas da UNE garantiram a abertura das portas das instituições de ensino superior para os filhos e filhas da classe trabalhadora. A filha do agricultor, o filho do pedreiro, da empregada doméstica e milhares de estudantes ingressaram na graduação com as cotas sociais e raciais, ações afirmativas que buscam corrigir o erro histórico do preconceito, do racismo e da má distribuição de renda no Brasil e que hoje estão ameaçadas.

Lutamos como nunca para barrar a emenda constitucional 95/16 que criou o teto de gastos e diminuiu o investimento em educação, pois era o golpe avançando no seu projeto de destruir as universidades e desmontar o Estado Brasileiro. A UNE convocou grandes mobilizações em todas as universidades desse país, fez grandes assembleias, atos de rua, debates e agitações, não só para barrar a EC mas para denunciar o grave momento de ruptura democrática que o nosso país vivia. Ocupamos as universidades em defesa das condições do Estado Brasileiro de cumprir com o Direito Constitucional de garantir Educação Pública, gratuita e de qualidade para tod@s!

A UNE é Fora, Bolsonaro!

Vivemos o momento mais delicado da política Brasileira desde a redemocratização. Crise econômica que aumentou o desemprego, crise sanitária sem precedentes no Brasil com mais de 100 mil mortes causadas pela covid 19, crise social e política e tudo isso em meio ao Desgoverno Bolsonaro que segue no seu projeto ultraliberal e ultraconservador fazendo pouco caso com as mortes e sem alternativas para superar esse momento.

Já nas eleições de 2018 a UNE levantou a campanha #EleNão, por entender que Bolsonaro era o pior dos candidatos que disputavam a presidência da república. Com muita mentira, fake news e com operação do mercado financeiro, Bolsonaro se elegeu e de lá pra cá são inúmeros retrocessos acumulados em menos de 2 anos.

Desde o início da Gestão Bolsonarista o governo federal começou uma verdadeira campanha contra a universidade pública e as entidades estudantis chamando os estudantes de maconheiros e as universidades de balbúrdia. Reduziu os recursos do ensino superior, nomeou ministros sem nenhum compromisso com a educação e disparou diversas falas de ataque e desprezo à luta e as mobilizações estudantis.

A UNE tem sido linha de frente na luta contra os desmandos do governo federal. Puxamos as maiores mobilizações dos últimos anos no primeiro semestre de 2019 com os Tsunamis da educação e mobilizamos as entidades estaduais e de base para organizar os estudantes na defesa da autonomia universitária, contra o corte de recursos e a democracia brasileira.

Neste momento de pandemia organizamos além da luta em defesa da assistência estudantil, mais importante do que nunca, ações de solidariedade e grandes atos virtuais, defendemos o isolamento social e o fortalecimento do SUS, além da renda básica emergencial que garante comida na mesa dos brasileiros desempregados, porque entendemos que a nossa luta não está dissociada dos problema sociais dos trabalhadores e trabalhadoras.

Hoje ao completar seus 83 anos a UNE está enraizada e fortalecida nas suas bases, segue firme defendendo a democracia, a educação, os direitos e a soberania brasileira. São tempos difíceis, mas não podemos deixar o medo vencer a esperança e é por isso que os estudantes brasileiros seguem mobilizados e organizados.

Viva a UNE, viva os estudantes!

Carlos Filho é diretor da UNE e militante da JPT Ceará.

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