Vagner: Governo quer acabar com os sindicatos e a Justiça do Trabalho
Em entrevista ao programa Rádio Jornal PT, o vice presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou a proposta de uma nova reforma trabalhista pretendida pelo governo
Publicado em
A proposta de uma nova reforma trabalhista a ser enviada ao Congresso pelo governo Bolsonaro, além de aprofundar a tragédia realizada ainda no governo golpista de Michel Temer, em 2017, tem dois objetivos principais. O primeiro seria acabar com a possibilidade de os sindicatos serem intermediadores das negociações coletivas, fazendo com que os trabalhadores negociem sozinhos e isoladamente com seus patrões. O segundo é por fim no contrato coletivo de trabalho, que passaria a ser individual. As informações são do vice-presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, em entrevista concedida nesta segunda-feira (13) ao programa Jornal Rádio PT, na Rádio PT.
“Eles aprofundam a ideia de que trabalho e emprego sem direitos podem gerar mais empregos no país, mas o que aconteceu desde 2017 foi o contrário. Ficou claro que o Brasil tem hoje milhões de desempregados, subempregados e trabalhadores fazendo ‘bico’, com a renda nacional caindo muito, muito, muito. A outra tragédia que isso nos traz é a falta de competitividade internacional da economia brasileira, mão de obra altamente desqualificada, barata, pela falta de investimentos em qualificação. Em um momento em que temos uma competição internacional extraordinária, o Brasil vai ficando para traz, obra do governo Bolsonaro”, critica Freitas.
O vice-presidente nacional da CUT destacou que o Grupo de Altos Estudos do Trabalho (GAET), que elaborou o relatório em que o governo federal baseia a sua proposta de uma nova reforma trabalhista, não teve nenhum representante dos sindicatos em sua composição. “Nenhum representante dos trabalhadores participou desse grupo. Trata-se de um grupo formado por altos assessores do empresariado brasileiro, capitaneados pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins. Ele juntou vários acadêmicos pensadores do mercado, representantes dos patrões de vários setores financeiros e produtivos”, advertiu Freitas.
“Não é à toa que ele apresentou o resultado do trabalho na Confederação Nacional da Indústria, enfatizando aquela ideia de que o problema no Brasil é custo que a mão de obra tem no valor total do produto. Não é isso, o que você tem no Brasil é um desgoverno, que não investe nas riquezas nacionais e nem na indústria nacional. Pelo contrário, o país continua um grande produtor de commodities, onde saem daqui as matérias orgânicas e voltam manufaturadas, perdendo tecnologia e inteligência”, afirmou Vagner.
Vagner Freitas alertou ainda para outro propósito do governo na questão da proposta de reforma. “Eles querem fazer outra coisa, que é importante que os trabalhadores saibam. Querem acabar com os sindicatos por categoria, ou seja, querem implementar o sindicato por empresa e quem negociaria com ela seria uma comissão tirada pelos trabalhadores no local de trabalho sem intervenção sindical, ou seja, um controle total por parte dos patrões”, denunciou.
“Querem impedir também com isso que o trabalhador busque seus direitos na justiça porque eles também dão o fim do contrato, e esse grupo eleito na empresa tem a possibilidade de quitação em todo passivo trabalhista que exista entre empregado e patrão. Ou seja, uma quantidade de maldades como essas só poderia acontecer mesmo em um governo genocida como o do Bolsonaro”, enfatizou Vagner de Freitas. “Bolsonaro não quer fazer reforma trabalhista, o que ele quer é acabar com os sindicatos e com a Justiça do Trabalho”, emendou o sindicalista.
Exploração dos trabalhadores em aplicativos
Durante a sua entrevista ao Jornal Rádio PT, o vice-presidente da CUT também falou sobre os trabalhadores em aplicativos, categoria que vem se organizando para lutar por direitos e contra os males do trabalho precário ao qual a maioria é submetida.
“Os trabalhadores em plataformas de aplicativos exemplificam a nova forma de trabalho desigual e desumana que foi implantada após a reforma trabalhista de 2017. Foi criada uma ideia de empreendedor individual, você tem uma bicicleta e entrega pizzas, na realidade você é um trabalhador explorado e sem direito. O empreendedorismo precisa ter o suporte do Estado e a CUT sempre defendeu o empreendedorismo, mas não é colocando pessoas entregando pizzas, ganhando pelo o que entrega, se quebrar a bicicleta o custo é seu, se for assaltado também, e acabando o fim do mês você não tem auxílio médico, não recolheu nada para a Previdência Social e não tem a menor segurança sobre o seu futuro. Uma mentira que eles contaram de que de que isso abriria e criaria empregos para os jovens, eles tiraram da juventude o sonho de ter um emprego decente”, afirmou ele.
Vagner abordou ainda o relacionamento da Central com a nova categoria, “Temos total relação com essa categoria e parcela significativa dela quer ter contratação forma, com jornada de trabalho, carteira assinada, direitos trabalhistas, convênio médico e contribuindo com a Previdência, além de um sindicato forte que possa representa-los. Eu acho que isso vai avançar muito no próximo ano porque tem morrido muitos e meninos por conta desta judiação que ocorre nas ruas de São Paulo, uma exploração sem tamanho, mas que tem criado consciência de classe em lideranças expressivas deste segmento que já extrapola a luta pelos seus direitos e entram na questão da democracia no Brasil. Estamos tentando a unidade com eles e uma nova legislação de trabalho que precisamos estabelecer já em 2022 ou com a entrada do presidente Lula no governo”
Ele lembrou durante a entrevista que os trabalhadores que estão sofrendo com a destruição dos seus direitos, principalmente os jovens de dezoito anos, não viveram as benesses do mercado de trabalho e a garantia dos seus direitos durante os governos de Lula e Dilma. “A oportunidade de Lula voltar é inclusive para resgatar, para essa faixa etária e nicho de trabalhadores, que não verdade que as coisas precisam ser assim, onde você não tem nenhuma perspectiva para a sua carreira, com um governo que hoje desestabiliza o seu emprego, sucateia a sua educação, mas não foi assim nos governos petistas, onde os jovens tinha condições de trabalho com carteira assinada e ainda com condições de frequentar uma universidade. A juventude brasileira não teve a oportunidade de fazer essa comparação e terá agora se nós conseguirmos eleger Lula presidente da República”, destacou ele.
Da Redação