Zé Celso: ousadia, coragem e revolução na arte teatral no Brasil

Políticos e artistas prestam homenagens ao ator, dramaturgo e diretor José Celso Martinez, símbolo da inovação teatral, falecido nesta quinta-feira, em São Paulo

Jennifer Glass

José Celso Martinez faleceu nesta quinta-feira (6), em São Paulo

Faleceu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, o dramaturgo e diretor teatral José Celso Martinez Correa. Ele estava internado na UTI do Hospital das Clínicas desde a manhã da terça -feira (3), após sofrer queimaduras em mais de 50% do corpo devido a um incêncio ocorrido em seu apartamento, na cidade de São Paulo.

Em sua rede social, o presidente Lula homenageou Zé Celso, considerado com um dos maiores nomes do teatro brasileiro e que revolucionou as artes cênica no país, à frente do seu Grupo Oficina.

“O Brasil se despede hoje de um dos maiores nomes da história do teatro brasileiro, um dos seus mais criativos artistas. José Celso Martinez Correa, ou Zé Celso, como sempre foi chamado carinhosamente, foi por toda a sua vida um artista que buscou a inovação e a renovação do teatro. Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade, muitas vezes enfrentando a censura”, escreveu Lula.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, lembrou o espírito criativo de Zé Celso, sempre marcado pela rebeldia e pelo inconformismo.

Também o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, manifestou a sua tristeza pela morte de Zé Celso, destacando o seu imenso legado para a arte brasileira.

Inúmeros artistas das mais diversas áreas também prestaram homenagens ao diretor, como o cantor e compositor Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura.

Zé Celso e o teatro revolucionário

José Celso Martinez e Correa, ou simplesmente Zé Celso, como ficou conhecido e aclamado pela sua trajetória no teatro brasileiro moderno, nasceu em 1937, na cidade de Araraquara (SP).

Há 65 anos, ele fundou, junto com outros atores, o Grupo Oficina, até hoje em atividade, que é considerada como uma das companhias teatrais mais importantes e longevas da dramaturgia brasileira. O grupo foi criado no Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde Zé Celso era estudante.

Nos anos 60, o Oficina obtém repercussão com a montagem de obras teatrais como “Pequenos burgueses” (1963), do russo Máximo Gorki (1868-1936). Em 1964, com o golpe militar no Brasil, a peça virou alvo da censura e sofre cortes, a exemplo de outros trabalhos do Oficina nos anos vindouros. Ao longo da década, o grupo irá montar espetáculos baseados nas obras de autores como Max Frisch e Bertolt Brecht.

Em 1967, Zé Celso e o Oficina montam a peça “O rei da vela”, obra teatral de Oswald de Andrade, um dos grandes símbolos do modernismo brasileiro, e revolucionam o teatro brasileiro, em forma e conteúdo, e que levou o público a ter uma nova visão a respeito da arte teatral e da própria realidade social do país. A encenação visceral da obra de Oswald, 30 anos depois de escrita, foi aplaudida pelo público e aclamada pela crítica especializada.

A partir de então, o ator, dramaturgo e diretor Zé Celso Martinez se torna uma referência no teatro do Brasil, pela coragem, ousadia e inovação com as quais aborda vários temas, sempre junto com o elenco do Grupo Oficina, também um exemplo de resistência na manutenção da sua sede, que também chegou a sofrer um incêndio nos anos 60 e diversas investidas judiciais para a sua demolição, diante da especulação imobiliária.

Da Redação

 

 

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