Anne Karolyne: Partido sem Machismo
É a organização coletiva das mulheres que nos permite dar suporte para que avancemos na ocupação dos espaços de poder, o que foi marco no Congresso
Publicado em
O 6º Congresso do PT foi marcante para a história do partido. Entre suas marcas, certamente estão as conquistas das mulheres, simbolizada pela Campanha Partido Sem Machismo, organizada pelas jovens. É a organização coletiva das mulheres que nos permite dar suporte para que avancemos na ocupação dos espaços de poder, o que também foi marco no Congresso – num momento de grande resistência ao golpe das elites, apresentamos à sociedade a primeira presidenta mulher do PT, a combativa senadora Gleisi Hoffmann.
A Campanha foi lançada durante a Plenária inicial do Congresso, puxada pelas jovens mulheres, e encampada por mulheres de todas as idades que ocuparam as fileiras em coro: “companheira me ajude, que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você, ando melhor”. Entoada pela coletividade, deu visibilidade ao combate ao machismo, dentro e fora do PT, pauta central para nossa militância que abraçou a campanha como um todo, exemplo disso são os materiais referentes à campanha, camisetas, textos, adesivos, que teve ampla adesão das e dos participantes. A pauta principal da campanha é a criação de uma cultura política feminista dentro e fora do PT.
O encontro de delegadas na véspera do congresso realizado pela secretaria nacional de mulheres, também demarcou com a presença forte das mulheres que vieram debater e construir formas de consolidar a paridade, que foi fundamental na organização das mulheres no 6º Congresso do PT Marisa Leticia.
Enquanto instrumento de luta, nosso partido de massas está sujeito às contradições da sociedade, e temos que lutar para que, ao contrário, ele reflita ao máximo o modelo de sociedade que acreditamos – solidária, democrática, diversa, plural, feminista. Nesse sentido, a campanha Partido Sem Machismo pauta que nosso feminismo seja tanto no discurso, como na prática, e, acima de tudo, seja pauta de unificação das mulheres. Em meio a isso, as mulheres do PT aprovaram resolução de combate à violência contra a mulher dentro do partido.
Foi aprovada comissão de acolhimento às mulheres em situação de violência, composta exclusivamente por mulheres, como forma de evitar a revitimização que ainda sofremos em âmbito estatal – quando vamos denunciar a violência, acabamos por revivê-la, o que vamos evitar dentro do Partido.
Nós, mulheres, somos muitas e somos diferentes entre nós. Somos mulheres jovens, mulheres idosas, mulheres indígenas, mulheres negras, ribeirinhas, brancas, lésbicas, bissexuais, transsexuais, heterossexuais, gordas, magras, trabalhadoras, do campo, da cidade e da floresta, nortistas, nordestinas e de todas as regiões do país. Ao mesmo tempo que o que nos separa tem voz e vez em nossos espaços, o que nos une nos movimenta rumo a uma sociedade feminista. Nosso feminismo é no plural! Porque sabemos que nossa diversidade nos fortalece. Nunca é fácil ocupar espaços de poder para nós mulheres, é tarefa árdua para nós que somos colocadas como responsáveis pelo trabalho, invisibilizado, nos espaços privados – pela nossa responsabilização das tarefas de cuidados e domésticas, das crianças, de idosos e da família, do trabalho organizativo dentro dos nossos partidos e movimentos, entre outros.
Muitas vezes abrimos mão das vidas pessoais em prol da luta. Somente as mulheres realmente compreendem isso, pois quando o homem faz política conta com as companheiras pra cuidar da família, e a mulher cabe a ela cuidar de ambos. Nossa luta é diária. Nossos desafios para o PT nos próximos tempos, junto à companheira Gleisi Hoffmann, não são pequenos. É central fortalecermos a paridade – que estabelece que 50% dos cargos de direção devem ser ocupados por mulheres – dentro do PT; a autoorganização das mulheres a partir das Secretarias de Mulheres de todas as instâncias, fortalecendo-as; o maior participação efetiva de candidatas mulheres que sejam eleitas.
Gleisi, assim como Dilma, nos ensinam que nós mulheres, podemos nos tornar presidentas. E as jovens mulheres do PT, com a Campanha Sem Machismo nos mostram que a luta feminista é prioridade em todas as instâncias e, se avançou muito com a luta das companheiras mais experientes, que são nossa referência, vai se consolidar de maneira irreversível com a nossa geração.
Partido, partido, partido sem machismo!
Por Anne Karolyne, jovem, mulher, indígena e membro da Comissão Executiva Nacional, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.
ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores