Impeachment sem crime preocupa, diz secretário-geral da OEA

Diplomata uruguaio se pronunciou contra tentativas de derrubar o governo da presidenta Dilma Rousseff

A presidenta Dilma Rousseff pode se tornar alvo de um processo de impeachment sem ter cometido crime de responsabilidade. Apesar de o Brasil ter encerrado sua ditadura civil-militar há 28 anos, este cenário representa uma ameaça à democracia e uma preocupação, avalia o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luiz Almagro.

Em entrevista ao jornal “El País“, Almagro ressaltou que a presidenta Dilma Rousseff “não é acusada de nada, não responde por nenhum ato ilegal”. “É algo que verdadeiramente nos preocupa, sobretudo porque vemos que entre os que podem acionar o processo de impeachment existem congressistas acusados e culpados. É o mundo ao contrário”.

Almagro: Devemos ir pelo caminho do respeito aos mandatos constitucionais (Foto: OEA)

Almagro: Devemos ir pelo caminho do respeito aos mandatos constitucionais (Foto: OEA)

À frente da OEA há quase um ano, ele disse que o empenho da Organização tem sido em ações práticas onde há problemas na região. “No momento de defender a democracia, assumimos responsabilidades, assim como na luta contra a corrupção e na defesa dos direitos humanos”, afirmou.

Para Almagro, para que a OEA exerça um papel relevante politicamente, não se deve dar mais ou menos atenção aos temas corrupção, direitos humanos e desigualdades.

O secretário comentou também o caso Panamá Papers, vazamento que revelou envolvimento de sete partidos em esquemas de lavagem de dinheiro, entre eles o PSDB. Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores não são citados nos documentos divulgados. “É possível ser rico e fazer política e ser pobre e fazer política. Os dois devem ter a mesma possibilidade. O importante é que, na política, o dinheiro não grude nas mãos. O problema é que muitos de nossos políticos têm cola e o dinheiro gruda em suas mãos’, opinou.

Em 18 de março, o diplomata já havia se manifestado publicamente contra este processo de impeachment, argumentando que “nenhum juiz está acima da lei que deve aplicar e da Constituição que garante seu trabalho. A democracia não pode ser vítima do oportunismo, e sim deve ser mantida com a força das ideias e da ética”.

“A democracia não pode ser vítima do oportunismo, mas deve ser sustentada pelo poder das ideias e da ética”, ressaltou.

Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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