Livro é esforço de Lula para pensar o futuro, dizem economistas
Obra O Brasil de Amanhã, lançada na sexta (21) na Fundação Perseu Abramo, reúne uma série de temas caros ao ex-presidente para retirar o país da crise
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Mesmo após liderar a maior revolução social que o Brasil já testemunhou, o ex-presidente Lula se manteve preocupado com os rumos da economia do país, sobretudo após o golpe de 2016 ser concretizado para atender aos interesses do mercado financeiro. Tamanha preocupação acaba de se materializar no livro O Brasil de Amanhã, lançado nesta sexta-feira (21) na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo.
Resultado de dois anos de uma intensa pesquisa realizada por economistas do Instituto Lula, a obra não só atende aos anseios de Lula como teve a sua participação efetiva nos nove dos 10 encontros realizados durante a concepção do livro.
“Esse grupo surgiu graças ao presidente Lula. Foi ele e o Marco Aurélio Garcia que pediram para fosse criado um grupo de economistas para discutir o futuro do país Mas não só. Lula sempre participou, colocava em debate os problemas que testemunha pelo Brasil, divergia, questionava, como lhe é comum”, lembrou Jorge Mattoso, um dos organizadores do livro.
O economista, que assina texto sobre a perspectiva dos bancos sobre a economia, ainda lembra que o ex-presidente fez outra solicitação antes de o grupo se formar: “Não se tratava apenas de trazer os mais velhos para a mesa de discussão. Ele estava preocupado com o olhar sobre o presente. Pediu para que chamássemos os jovens economistas e professores e que acabaram contribuindo muito com o grupo. Isso foi um elemento extremamente importante”.
Presente durante o lançamento, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também elogiou o resultado apresentado pelos economistas. “Nossos economistas estão ajudando a fazer uma grande reflexão para pensar em saídas para o Brasil a partir de 2019. Estamos num momento complexo e por isso quanto mais cabeças pensando o futuro do país melhor. E é esse o papel que estão cumprindo”, apontou.
Okamoto também lembrou o duro contexto em que a obra está sendo concebida. “Infelizmente nos últimos anos tivemos uma intensa batalha contra aqueles que tentam derrubar a democracia. Não precisa lembrar que tivemos um golpe contra uma presidenta eleita e uma prisão injusta no meio do caminho. Mas temos convicção de a história tratará de corrigir estes erros”, reiterou.
Mattoso vai além e aponta os caminhos para corrigir tais erros. Um deles transcende o processo eleitoral. “A batalha democrática significa não somente reconstruí-la após ser usurpada e destruída. Ela exige um processo de articulação ainda mais amplo do que o eleitoral”.
Ricardo Carneiro, que também participa da organização, revela que muitas das propostas apresentadas no livro colaboraram com a elaboração do Plano de Governo do PT. “Muitos dos temas apresentados por nós nas páginas do livro foram levadas para o debate na construção do plano de governo. Obviamente o programa partidário contempla muitas outras coisas, mas as discussões do grupo serviram para fazer uma análise profunda de tudo o que deu certo no passado e o que precisa ser corrigido e melhorado no futuro”.
Como legado econômico dos governos Lula e Dilma, Carneiro lembra da espantosa distribuição de renda promovida a partir de 2003. A economista Esther Dweck concorda. “Temos uma pluralidade enorme de opiniões dentro do livro claro que dentro do campo progressista, e todos os capítulos tem uma estrutura parecida de apontar um diagnóstico do que está sendo destruído e o que teria de ser feito daqui para frente. E não custa lembrar que foi a política econômica dos governos Lula e Dilma que fortaleceu os mecanismos de distribuição de renda”, conclui.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias