Senadores petistas reforçam caráter golpista do impeachment
Lindbergh Farias apontou que se passar no Senado, golpe irá blindar o golpista Michel Temer de investigações. Julgamento começou nesta quinta
Publicado em
O julgamento da presidenta eleita Dilma Rousseff no processo de impeachment começou nesta quinta-feira (25) no Senado. A agenda do dia foi de apresentação de questões de ordem e oitiva de testemunhas. Quem comanda a seção é o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Os senadores do PT aproveitaram a oportunidade para defender a democracia e apontar a falta de legitimidade do processo de impeachment, assim como a incapacidade moral de muitos dos membros da casa. Lindbergh Farias, do Rio de Janeiro, ainda deixou claro que, com a velocidade do processo, ele acabará blindando o golpista Michel Temer antes que seja investigado.
“Não estamos discutindo somente o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, estamos discutindo uma blindagem ao presidente interino Michel Temer”, afirmou Lindbergh.
“Se a presidenta Dilma for afastada e o presidente interino vira presidente da República, ele não pode ser investigado pelos fatos anteriores a esse mandato. Isso é gravíssimo”, completou.
O senador petista apresentou uma questão de ordem pedindo a suspensão do processo até que a Procuradoria-Geral da República e o STF se posicionem sobre Temer.
“Eu falo isso porque todos os senhores sabem que há várias acusações contra o presidente interino. Nós do PT não encaramos delações como verdades absolutas, mas têm que ser investigadas, e no caso do presidente interino são várias as denúncias, ele é citado em várias delações”, explicou.
Lindbergh ressaltou que foi com esse argumento que se pediu o afastamento do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha e é nisso que estão embasando o pedido de afastamento de Michel Temer.
Mais tarde, a senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, apontou a falta de legitimidade de muitos membros do Senado para julgarem a presidenta.
“Aqui [no Senado] não tem condições de ninguém acusar ninguém e nem de julgar. Por isso que a gente diz que [o julgamento do impeachment] é uma farsa. Qual é a moral desse Senado para julgar a presidenta da República? Qual é a moral que tem os senadores aqui para dizer que ela é culpada? Gostaria de saber qual é a moral de vocês, por que a metade aqui não tem”, destacou a senadora.
Membros da casa que apoiam o golpista Temer saíram do sério e reagiram com ofensas e o dedo em riste contra a petista. Após a cena, o presidente da sessão, ministro do STF, Ricardo Lewandowski, suspendeu os trabalhos por alguns minutos.
Quando a sessão foi retomada, Gleisi destacou que é um direito da defesa apresentar questões políticas ao plenário. “Até porque, desde o início, temos dito que esse é um processo que necessita de base jurídica para se fundamentar e que temos aqui é um julgamento eminentemente político”, disse.
Humberto Costa, do Pernambuco, ainda repreendeu os senadores da base golpista, afirmando que “não é possível que o comportamento destemperado daquele senhor, que se repete há muito tempo nesta Casa, manche ainda mais essa sessão da vergonha que pretende punir uma presidenta legitimamente eleita, que não cometeu qualquer crime de responsabilidade”.
Segundo ele, os parlamentares aliados de Temer deveriam se preocupar com a imagem que transmitem aos eleitores e elevar o nível do debate, principalmente diante de um momento tão histórico para o país.
“Espero que o constrangimento criado hoje faça com que essas pessoas ajam de forma diferente em outros momentos. Não vamos transformar o Senado na Câmara dos Deputados, que protagonizou um circo de horrores na sessão de abertura do impeachment”, afirmou Costa.
Testemunha de acusação desqualificada
O procurador Júlio Marcelo de Oliveira passou à situação de informante e não de testemunha após questionamento do advogado de defesa da presidenta, José Eduardo Cardozo, relatando que “o doutor Júlio [Marcelo Oliveira] teria se reunido com os denunciantes na época da formulação da denúncia, influenciando portanto esta questão”. O procurador também teria participado de um ato pela rejeição das contas do governo Dilma.
“Como membro do Ministério Público, do TCU, sua senhoria não estava autorizado a fazê-lo [participar do ato]. Portanto incide na hipótese de suspeição”, disse Lewandowski. Como informante, Oliveira não tem compromisso de dizer a verdade. Com isso, sua participação tem peso menor no processo, já que não será juntada como prova.
Da Redação da Agência PT de Notícias