Damous repudia assassinato de Marcos Vinícius, morto por armas da polícia
Indignado, o parlamentar cobrou ações do poder público e lamentou a morte do menino, baleado com um tiro nas costas quando estava a caminho da escola
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“O que pode justificar o assassinato de um garoto de 14 anos por balas saídas de armas de policiais?”. Essa é a pergunta que o Rio de Janeiro faz e que o deputado Wadih Lula Damous (PT-RJ) reproduziu na tribuna da Câmara nesta terça-feira (26). Indignado, o parlamentar lamentou a morte do menino Marcos Vinícius, baleado com um tiro nas costas quando estava a caminho da escola na última quarta-feira (20), além de outras seis pessoas no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Wadih Damous questionou ainda o que pode justificar um blindado de nome “caveirão” – que é o terror dos moradores das favelas do Rio de Janeiro – estar parado ali na comunidade, enquanto um helicóptero blindado, também apelidado de “caveirão voador” fazia sobrevoo no Complexo da Maré. “Não me refiro aqui ao terror dos bandidos, dos meliantes, dos traficantes ou de milicianos. Refiro-me ao um blindado que é o terror de homens, mulheres, crianças, trabalhadores que moram nas nossas periferias, que moram nas nossas favelas”, enfatizou.
Solidário e revoltado, Damous salientou que é mais uma mãe que, enlutada, vê a perda de seu filho por conta de uma guerra “insana”, por conta de incursões policiais sem qualquer planejamento e muitas vezes “movidas por vingança”. Ao que parece, continua o deputado, “numa incursão policial de há poucos dias, um policial foi morto, fato que lamentamos e repudiamos, mas isso não pode gerar uma retaliação por parte das forças de segurança pública contra uma população indefesa”.
Ainda a procura de resposta para a tragédia, o parlamentar questiona sobre as justificativas para o sobrevoo de helicópteros, de onde se atira a esmo sobre a população que está em solo, indefesa. “Para aqueles que concordam com esse tipo de ação, o que justifica é reconhecer nessa população não a sua condição de seres humanos, mas de pessoas que estão abaixo da linha da humanidade”, lamentou.
“Como explicar, como aceitar as declarações de um ministro de Estado, que disse que o menino Marcos Vinícius, um menino bonitinho, cheirosinho, estava indo para a escola e, porque se atrasou, levou tiros por parte daqueles que deveriam estar protegendo a população vulnerável das nossas favelas? O nome disso é genocídio”, afirmou Damous.
Ele comparou as atitudes da força de segurança no Complexo da Maré ao tratamento que é dispensado aos palestinos no Oriente Médio. Ao tratamento que era dispensado aos judeus durante a Segunda Guerra, ao tratamento que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, empresta aos filhos e filhas de refugiados, colocando-os em verdadeiras jaulas. “Isso é inaceitável!”.
O deputado Wadih Damous ironizou ainda a resposta da Vara da Fazenda Pública ao pedido da Defensoria Pública e do Ministério Público para que o Judiciário brasileiro proibisse esse tipo de incursão nas favelas, com helicópteros atirando a esmo na população indefesa. “A juíza da Vara Pública respondeu que não pode proibir porque não pode interferir em políticas públicas do Poder Executivo. Ora, o que o Judiciário faz é invadir competências de outros poderes, é se meter em políticas públicas. Agora, quando se trata da defesa e da proteção da vida de vulneráveis, a juíza se abstém, com essa desculpa esfarrapada. Até quando esse genocídio vai perdurar?”, concluiu.
Por Vania Rodrigues, do PT na Câmara