Novo ministro de Bolsonaro destila ódio contra PT, imigrantes e até Europa

Diplomata, que assumirá Relações Exteriores, assina blog em que deixa claro suas lamentáveis posições e a submissão total ao presidente Donald Trump

Valter/Campanato/Agência Brasil

Ministro das Relações Exteriores Ernesto Fraga Araújo

Antes mesmo de assumir a Presidência da República, Jair Bolsonaro já tem causado espanto e preocupação pelos nomes escolhidos para compor o seu governo – que já conta, entre outros, com um corrupto confesso (Onyx Lorenzoni, Casa Civil), um juiz político (Sérgio Moro, Justiça) e um aventureiro sem experiência (Marcos Pontes, Ciência e Tecnologia).

Nesta quarta-feira (14), foi a vez do embaixador Ernesto Araújo ser anunciado como ministro das Relações Exteriores, em nova prova de que o presidente eleito enganou o povo ao dizer que escolheria sua equipe apenas por critérios técnicos. Celso Amorim, que já esteve no cargo e foi um dos responsáveis por fazer o Brasil ser respeitado por nações do mundo todo, acha difícil até comentar a escolha do radical eleito para o cargo. “Ele [Araújo] escapa a qualquer possibilidade de comentário. Não é retrocesso. É retorno à Idade Média – disse o ex-ministro da pasta Celso Amorim ao jornal O Globo.

A opinião de Amorim se justifica com uma simples visita ao blog de Araújo. Sem qualquer traquejo para o diálogo e com currículo muito aquém do cargo que terá em mãos, o diplomata tenta garantir notoriedade apenas por “filosofar” e destilar por meio de “artigos isentos” todo o seu ódio contra o PT, políticas destinadas às minorias e ao Meio Ambiente, imigrantes e até ao continente europeu.

Em contrapartida, costuma escancarar todo o seu apreço pela política xenófoba, protecionista e ultra conservadora de Donald Trump. Tal posicionamento ficou claro no artigo “Trump e o Ocidente“, publicado em seu blog em 2017.  Nele, Araújo defende o presidente norte-americano como a projeção divina do salvador do mundo, “um Deus poderia salvar o Ocidente, um Deus operado pela nação – inclusive e talvez principalmente a nação americana”.

O verborrágico e irresponsável chanceler também demonstra de que lado está ao direcionar seus ataques gratuitos ao PT e à esquerda. Para argumentar, usou como linha de raciocínio as chamadas fake news – curiosamente um dos instrumentos usados pelo seu novo chefe para vencer as eleições.

“Cuidado com as fake News passou a ser um pretexto para censurar e calar as vozes que tentam trazer ao público aqueles enormes pedaços da realidade que a grande mídia controlada pela esquerda desprezou, porque não correspondiam à narrativa que ela quer promover”, escreveu Araújo, num delírio difícil de se levar a sério.

Mas ele não para por ai. Quando resolveu analisar as imigrações modernas ocorridas a toque de caixa nos últimos anos
diz que “existe uma profunda relação natural (de natura, evidentemente também proveniente da mesma raiz nat-) entre o nascimento, fato central na estruturação de uma família, e a nação, uma espécie de família estendida”, dando a entender que quem se incorpora a outra nação não poderá jamais fazer parte da tal “família”.

Não é apenas no blog que o chanceler costuma dar suas opiniões, digamos, confusas.  No segundo semestre de 2017, ele usou os Cadernos de Política Exterior, do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), para dar seu parecer sobre a Europa atual. “Os europeus de hoje podem até estudar sua história, mas não a vivem como um destino, muito menos a celebram, nem a entendem como ‘sua’, não veem nela um sentido nem um chamado” e que o continente significa hoje “apenas um conceito burocrático e um espaço culturalmente vazio regido por ‘valores’ abstratos” .

Difícil imaginar que o Brasil voltará a ter respeito como nos tempos de Lula Celso Amorim com um ministro subordinado a um pensamento autoritário, conservador e alinhado aos interesses de Donald Trump.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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