Lula sobre Mais Médicos: “Cuba exporta vida, carinho, saúde”
Ex-presidente escreve carta endereçada aos profissionais da ilha caribenha que deixaram o país após ameaças feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro
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Indignado com a saída dos cubanos do Mais Médicos após ameaças feitas por Jair Bolsonaro, Lula escreveu carta endereçada aos profissionais caribenhos. “Os médicos de Cuba foram onde não havia médicos”, sublinhou o ex-presidente, que também teceu elogios ao governo da Ilha por exportar tantos médicos ao mundo.
Leia a carta:
Queridos amigos de Cuba,
A saúde não é um bem, não é uma propriedade privada. A saúde é vida, condição primeira para fazermos qualquer coisa nesse mundo. Os serviços de saúde não podem ser mais um comércio como outro qualquer. E o ofício de quem cuida da saúde dos outros sempre será dos mais belos, sempre será uma missão, um ato de generosidade e carinho por outro ser humano.
No Brasil, os médicos de Cuba foram onde não havia médicos brasileiros. Em muitas comunidades pobres, distantes, de indígenas, que jamais tinham sido assistidas por um profissional de saúde.
Muitos criticaram o governo da presidenta Dilma Rousseff por trazê-los. Seria bom se não precisássemos. Se o Brasil tivesse tantos médicos que eles ocupassem todas as vagas pelo interior e periferias pobres do Brasil. Que bom seria se tivéssemos, como Cuba, médicos até para exportar para outros países! Que coisa bonita uma ilha latino-americana que exporta médicos para o mundo. Muito melhor do que países ricos que exportam soldados e derrubam bombas em comunidades pobres. Cuba exporta vida, carinho, saúde.
Mas não temos tantos médicos. O Brasil foi o último país da América do Sul a ter uma universidade, só em 1922. E isso porque tinham que criar uma para dar um título de doutor para o Rei da Bélgica! Brasil e Cuba viveram séculos de escravidão e exploração colonial. Mas dos dois só Cuba tem médicos para exportar para o mundo.
No Brasil, medicina era curso exclusivo de filho de rico antes do Partido dos Trabalhadores chegar ao governo. O filho do pobre não tinha direito nem de SONHAR em ser médico antes do PT. Criamos cotas para negros e estudantes de escolas públicas nas universidades federais, ampliamos os mecanismos para os jovens poderem estudar em escolas privadas ou pagando poucos juros após fazerem o curso.
Abrimos novas universidades, inclusive cursos de medicina, no interior do país. Aumentamos o número de pobres e negros no ensino superior. Quando deram o golpe na democracia em 2016, para tirar o PT do governo, uma das primeiras medidas adotadas foi impedir a criação de novos cursos de medicina no país. Proibir que se ensine mais profissionais de saúde. Um absurdo.