Proposta de “intervenção militar” isola Trump e causa novos estragos
No Brasil, Bolsonaro insiste em ameaçar o país com o uso da força militar para reprimir a oposição. “O grande problema nesse momento é isso que vocês estão vendo aí, viram um pouco na rua ontem. Estão começando a colocar as mangas de fora”, disse o presidente. Nenhuma palavra sobre as mortes por Covid-19 ou o desemprego
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A situação explosiva nos Estados Unidos e a tentativa do presidente Donald Trump de colocar as Forças Armadas do país para reprimir as manifestações fez mais uma estrago. Desta vez, quem saiu com a imagem arranhada foi o editor de opinião do jornal ‘New York Times’, James Bennet, afastado da função. O fato ganhou repercussão na mídia norte-americana. A causa do afastamento de Bennet foi ter autorizado a publicação de artigo do senador Tom Cotton, do Arkansas, defendendo a “intervenção militar” contra as manifestações. Bennet foi demitido no domingo, 7, após reação dos próprios colegas do jornal. A decisão do jornal se deve à pressão da sociedade norte-americana que ocupa as ruas do país.
Enquanto isso, o presidente Bolsonaro insiste em seguir os passos de seu “líder”, apesar dos maus exemplos e das críticas de Trump. “O grande problema nesse momento é isso que vocês estão vendo aí, viram um pouco na rua ontem (domingo, 7). Estão começando a colocar as mangas de fora”, disse Bolsonaro, na manhã desta segunda-feira, 8.
Herança da Guerra Fria, o uso da força militar para reprimir a oposição tem sido sugerida cotidianamente por Bolsonaro. No período da ditadura, a Lei de Segurança Nacional delegava a tarefa de combater o inimigo externo, o “comunismo”, aos EUA. Ao Exército Brasileiro, em especial, cumpria a missão de enfrentar o “inimigo interno”, em última instância, o próprio povo.
Inimigo interno
“Donald Trump é o primeiro presidente da minha vida que não tenta unir o povo americano – nem mesmo finge tentar”, disse o veterano General Jim Mattis, ex-secretário de Defesa do próprio Trump, entre 2017 e 2019, em comentário que caberia ao presidente brasileiro. “Em vez disso, ele tenta nos dividir”, continuou. “Nossos concidadãos não são nossos inimigos”, arrematou Mattis.
Neste domingo, 7, foi o ex-secretário de Defesa Colin Powell quem abriu dissidência com a política de Trump para tratar da crise interna do país. Powell anunciou que votará no democrata Joe Biden, e que Donald Trump não segue a Constituição americana. Powell serviu como principal oficial militar e diplomata dos Estados Unidos em presidências republicanas, destacando-se à frente da administração de George W. Bush.