Vídeo: para livrar Bolsonaro, Queiroga culpa profissionais de saúde

Ministro da Saúde tem a missão de livrar Bolsonaro da responsabilidade pelas mortes na pandemia. Para isso, vale dizer que falta oxigênio porque hospitais o utilizam de “maneira imprópria”

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Já é possível ver que Queiroga será um ministro sem efeito para a saúde dos brasileiros

Há seis dias no cargo, o quarto ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, já deixou clara a sua missão: tentar convencer a população de que seu chefe, Jair Bolsonaro, não é responsável pelas mortes de centenas de milhares de brasileiros em decorrência da Covid-19. Para isso, utiliza duas estratégias: pede para que se esqueça o passado e joga a culpa para os outros, até mesmo para os profissionais de saúde (veja vídeo abaixo).

Foi o que ele fez em entrevista nesta segunda-feira (29) à CNN Brasil. Primeiro, voltou a falar em esquecer o passado. “Vamos olhar pra frente, vamos deixar o passado para trás”, propôs, como se fosse possível ignorar as mais de 310 mil mortes que o governo do qual ele faz parte provocou. Em seguida, ao ser questionado sobre as sabotagens de Bolsonaro ao uso de máscaras e ao isolamento social, fugiu da resposta dizendo que não está no ministério para “fazer política na Saúde”. No entanto, política — e, pior, a política de Bolsonaro — é tudo que ele mostra que fará.

Seguindo a linha de livrar Bolsonaro da responsabilidade, Queiroga repetiu o mantra do governo de que todos os países sofrem com a pandemia. “Isso não acontece só aqui no Brasil”, disse, ignorando que, em nenhum outro lugar do mundo, a pandemia tem matado tanto quando no país depois de mais de um ano. Também apontou os dedos para os outros. Além de afirmar, repetidas vezes, que a gestão da crise é de responsabilidade também de estados e municípios, teve a audácia de sugerir que o colapso do sistema de saúde se deve ao mau uso dos recursos pelos profissionais de saúde, que trabalham além de suas capacidades físicas para reduzir o tamanho da tragédia.

Ao mencionar a falta de oxigênio para pacientes, Queiroga disse: “Existe um problema de crise de abastecimento de oxigênio. Então, precisamos trabalhar para mostrar para as pessoas o uso racional do oxigênio. Porque não tem sentido nenhum uma luta para buscar oxigênio para levar para todos os municípios desta grande nação, e às vezes o oxigênio ser utilizado de maneira imprópria. Pessoas que não precisam de oxigênio, as torneiras de oxigênio dos hospitais abertas, e nós tendo de buscar caminhões com tanques de oxigênio fora do país para distribuir para o país. Então, os profissionais de saúde também são parte nesse esforço para usar com racionalidade os insumos estratégicos necessários ao enfrentamento da pandemia de Covid-19”.

Fala de futuro, mas está no passado

Como se não bastasse, Queiroga, que adora falar em “olhar pra frente”, tem o discurso que seria adequado, na melhor das hipóteses, para um ministro que assumisse o cargo em março de 2020, um ano atrás. Prega, como medidas essenciais, o uso de máscaras e o distanciamento entre as pessoas, algo que há muito tempo se sabe e que seu chefe fez questão de sabotar. Porém, ao ser confrontado pelo entrevistador com os excelentes resultados obtidos pelo prefeito Edinho Silva (PT), em Araraquara (SP), se colocou contra o lockdown.

Também diz que o ministério quer ouvir especialistas e secretários estaduais e que buscará aumentar a oferta de vacinas. Ou seja, só agora, passado mais de um ano, quando é importante dividir a responsabilidade da tragédia, é que o governo Bolsonaro se diz disposto ao diálogo. E só agora, depois de recusar vacinas e fazer uma campanha para desacreditá-las, o governo Bolsonaro corre atrás de doses. No entanto, ao ser perguntado sobre um calendário de vacinação e quantidade de doses a serem aplicadas, mais uma vez, Queiroga fugiu: “Não vamos estabelecer datas”.

Enquanto isso as mortes se acumulam. No domingo (28), O Brasil voltou a bater recorde na média móvel de mortes por Covid: 2.598. Ou seja, hoje, é esse o número médio de pessoas que perdem a vida para a Covid-19. Na última sexta-feira (26), o país bateu o recorde de mortes registradas em um só dia: 3.600.

Da Redação, com informações da CNN Brasil

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