Sob bloqueio econômico, Cuba desenvolve 5 vacinas contra a Covid-19
Soberana 02 e Abdala estão na fase final de testes e devem ser liberadas nos próximos meses. Laboratório cubano tem capacidade para produzir 100 milhões de doses até dezembro
Publicado em
Submetida a um brutal embargo econômico imposto pelos EUA, Cuba vem servindo de exemplo de resiliência, especialmente na resposta científica à pandemia do novo coronavírus. Em fase final de testes, duas vacinas contra a Covid-19, desenvolvidas na ilha caribenha, podem ser as primeiras criadas e produzidas na América Latina. De acordo com cientistas cubanos, a Soberana 02 e a Abdala poderão ser liberadas pela Agência Nacional Reguladora de Cuba para imunizar toda a população cubana já nos próximos meses.
A Abdala vem sendo aplicada em 48 mil voluntários em três doses, com intervalos de duas semanas entre elas. Já a Soberana 02 obedece a intervalos mais longos, de cerca de quatro semanas entre as três doses. Os laboratórios da BioCubaFarma enviaram mais 300 mil doses da Soberana 02 e Abdala. Os centros têm capacidade para produzir 100 milhões de vacinas até o fim do ano, anunciaram os diretores dos laboratórios. O plano do governo é iniciar a vacinação em massa em julho.
“Os resultados até agora são alentadores: as duas candidatas a vacinas demonstraram ser seguras e capazes de gerar anticorpos específicos contra o vírus. Estamos otimistas”, disse o vice-presidente do grupo BioCubaFarma, Eulogio Pimentel.
Privilégio
Segundo reportagem do El País, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica como um privilégio o fato de um país das dimensões de Cuba ter desenvolvido cinco protótipos de vacinas, sendo que dois deles se estão na etapa final de ensaios clínicos.
“Não se trata de nenhum milagre: existe um notável desenvolvimento científico em Cuba e uma experiência de 30 anos em fabricar vacinas”, declarou o representante da OPAS em Cuba, José Moya, ao El País. Ele lembrou que o nível de excelência científica cubana é uma tradição. Basta observar que a ilha foi a primeira nação a ter vacina contra a menigite.
Outro exemplo citado por Moya foi o desenvolvimento, no início dos anos 90, de uma vacina contra a hepatite B, utilizada na América Latina e na África. Além disso, as vacinas cubanas apresentam uma boa margem de segurança, aponta o técnico, pelo fato de utilizarem plataformas familiares e serem mais facilmente armazenadas.
“Vacinas deste tipo são as mais tradicionais e seguras, além de terem a vantagem de poderem ser conservadas em uma temperatura de 2 a 8 graus”, observou José Moya.
Ele credita parte do sucesso das iniciativas cubadas ao Centro para o Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos, cujo rígido controle de qualidade transformou-o em referência na América Latina. O centro será responsável pela autorização para uso emergencial e definitivo da Soberana 02 e da Abdala.
Da Redação, com informações de El País