Confiança da indústria desaba junto com a produção

Recuo dos indicadores completa um semestre contínuo. Pessimismo diante dos próximos meses, com inflação e desemprego, derruba também a confiança dos consumidores

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Economia entrou em estagflação

Após a produção industrial recuar pelo sexto mês consecutivo em dezembro de 2021, a confiança do setor também completa um semestre de regressão em janeiro de 2022. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), caiu 1,7 ponto percentual, para 98,4 pontos, neste mês. Nível mais baixo desde julho de 2020 (89,8), durante a primeira onda da pandemia.

Em médias móveis trimestrais, o indicador manteve a tendência negativa, caindo 2,3 pontos. O resultado foi influenciado pela piora tanto das avaliações sobre a situação atual quanto das perspectivas para os próximos meses.

O Índice Situação Atual (ISA) cedeu 1,2 ponto, para 99,8 pontos, menor valor desde agosto de 2020 (97,8 pontos). O Índice de Expectativas (IE) caiu 2,0 pontos para 97,1 pontos, menor patamar desde abril de 2021 (96,9 pontos).

Entre os quesitos que compõem o ISA, o pior desempenho se deu no indicador que mede a situação atual dos negócios, com recuo do indicador de demanda total. Dos indicadores que integram o IE, a produção prevista para os próximos três meses foi o que mais influenciou a queda.

A tendência dos negócios para os próximos seis meses continua em trajetória negativa pelo sexto mês consecutivo. Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada retornou ao patamar de novembro de 2021 (80,7%).

O setor industrial inicia 2022 com queda disseminada da confiança entre os segmentos, pesando sobre esse resultado as incertezas em decorrência do aumento nos casos de Covid-19 que tem levado a reduções no quadro de funcionários e a ampliação das restrições em países que sentiram o recrudescimento da pandemia”, explica em nota Claudia Perdigão, analista da Superintendência de Estatísticas Públicas do Ibre.

A pesquisadora também afirma que tanto as perspectivas sobre o ritmo da atividade produtiva quanto sobre a evolução da demanda foram comprometidas. “A sequência de quedas não é observada desde 2014, quando foram registrados 8 meses consecutivos de retração”, prossegue a economista.

Em dezembro, a produção industrial teve queda de 7,1 pontos, conforme a Sondagem Industrial da Confederação Nacional de Indústria (CNI). O índice de evolução da produção ficou em 43,3 pontos, abaixo da linha divisória entre queda e crescimento da produção. A queda na passagem de novembro para dezembro de 2021 foi mais intensa que em 2020, quando o índice ficou em 46,8 pontos.

A soma de quedas – produção e confiança – tem impacto direto sobre o nível de emprego na indústria. O índice de evolução do número de empregados alcançou 48,6 pontos, abaixo dos 50 pontos registrados em média nos demais meses de 2021.

Confiança do consumidor recua 1,4 ponto em janeiro, aponta FGV

O quadro de descrédito e falta de perspectiva de melhoria no desgoverno Bolsonaro também derrubou a confiança do consumidor, que recuou 1,4 ponto em janeiro e atingiu 74,1 pontos. Nas médias móveis trimestrais, a retração do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) calculado pelo Ibre-FGV é de 0,7 ponto, para 74,8 pontos.

Para os pesquisadores, o aumento do pessimismo em relação aos próximos meses contribuiu para a diminuição da confiança em janeiro. Enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) teve alta de 0,5 ponto, passando para 66,1 pontos, o Índice de Expectativas (IE) caiu 2,7 pontos, chegando a 80,7 pontos.

“A retomada do auxílio emergencial e uma percepção mais favorável sobre o mercado de trabalho parecem ter contribuído para a redução da distância entre a confiança dos consumidores de alta e baixa renda”, avalia a coordenadora das Sondagens da instituição, Viviane Seda Bittencourt. No entanto, a relativa satisfação com a situação pode ser temporária, pois ainda há incertezas sobre a evolução do endividamento das famílias de baixa renda que podem influenciar o comportamento do consumidor.

“A mudança desse cenário também continuará dependendo da recuperação do mercado de trabalho, controle da inflação e redução da incerteza, num ano que se inicia com surto de Ômicron e influenza e termina com as eleições”, finalizou.

Para os próximos meses, o indicador que mais influenciou o índice de confiança do consumidor foi o que mede as expectativas sobre a situação econômica referente aos períodos que ainda vem. O indicador recuou 4,5 pontos, para 99,6 pontos, ficando abaixo do patamar de neutralidade.

Outro recuo foi notado nas perspectivas sobre a situação financeira familiar. A retração ficou em 0,9 ponto, passando para 84,6 pontos. O ímpeto de compras para os próximos meses permaneceu em queda pelo quinto mês consecutivo, chegando ao menor valor desde maio de 2021.

Da Redação, com informações de Imprensa Ibre-FGV

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