Sem “aumento-bomba”, inflação atinge 10,54% e contamina toda a economia
Ainda sem repercutir o aumento-bomba dos combustíveis, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços em fevereiro, segundo pesquisa do IBGE
Publicado em
A inflação acumulada dos últimos 12 meses bateu em 10,54%, sem ainda repercutir o aumento-bomba dos combustíveis, anunciado ontem pelo governo Bolsonaro-Guedes. É a maior inflação para o mês de fevereiro desde 2015, ano em que os patrocinadores do golpe de Estado passaram a atacar a economia nacional. Em janeiro deste ano, a taxa acumulada era de 10,38%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 11.
Em 13 dos 16 grupos pesquisados, o índice de inflação atingiu dois dígitos, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. Na Grande Curitiba (PR), o índice passou de 13%, seguido pelo estado do Acre, com alta de 11,76% e Vitória (ES), com 11,50%. A inflação em fevereiro aumentou 1,01%, surpreendendo o mercado. A alta acumulada no ano já é de 1,56%, em apenas dois meses, anteriores ao conflito na Europa.
Inflação chega 10,54% em 12 meses e previsão é de alta dos juros. Pra completar, encher o tanque do carro custa quase R$400. A carestia é generalizada e castiga o bolso dos mais pobres e da classe média. Esse é o Brasil de Bolsonaro que afeta a todos.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 11, 2022
Inflação disseminada por toda economia
Ainda, de acordo com a pesquisa do IBGE, a inflação está disseminada pela economia, contaminando todos os setores. Medido pelo instituto, o “índice de difusão” atingiu 75%, acima dos 73% em janeiro e superior aos 63% do mesmo mês de fevereiro de 2021. O indicador mede o percentual de produtos e serviços com alta de preços, em uma amostra com 377 componentes. O quadro se agravará, avaliam especialistas, com o aumento-bomba dos combustíveis.
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços, em fevereiro. Alimentos, educação, aluguel e energia registraram os maiores aumentos, sacrificando as famílias, os trabalhadores e os mais pobres. No grupo de alimentação e bebidas, a alta foi de 1,28%, com contribuição de 0,27 ponto percentual da inflação. A alta dos preços no segmento de alimentos e bebidas atingiu 1,28%, contribuindo com 0,27 ponto percentual para o resultado geral. Preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, também ficaram mais caros.
No nosso governo estabelecemos um teto de 4,5% para a inflação e cumprimos. Controlar a inflação é uma obrigação, para garantir ao povo trabalhador seu poder de compra. A economia crescia e a gente gerava emprego.
— Lula (@LulaOficial) February 22, 2022
A situação atual traz à memória um tempo que havia sido superado pelos governos do Partido dos Trabalhadores, em que a inflação estava sob controle. “A inflação é a desgraça na vida do trabalhador. Nos anos 80, a inflação chegou a 80% ao mês. Me lembro que saía da fábrica com o salário e ia correndo pro supermercado comprar tudo o que dava de não-perecível, porque no meio do mês o dinheiro já não valia mais nada”, lembra o presidente Lula. “Tenho visto muita gente dizendo que compra menos no supermercado. Que mundo é esse? No país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo”, critica Lula.
A disparada de preços nos próximos meses vai ser maior ainda, em consequência da dolarização dos preços dos combustíveis. “Basicamente, aumentos de diesel (que subiu 24,93%) vão virar aumentos de preços da comida”, afirmou o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), Guilherme Moreira, ao jornal o Estado de S.Paulo.
Da Redação, com site da CUT