Bolsonaro mentiu para organizações internacionais sobre socorro aos Yanomamis
Reportagem do jornalista Jamil Chade comprova que ex-presidente enviou cartas à ONU e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos com informações falsas sobre ajuda aos indígenas
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Revelações feitas pelo jornalista Jamil Chade no site Uol nesta segunda-feira (23) comprovam que o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou falsas informações à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a atuação do seu governo para combater a crise humanitária que atinge o Povo Yanomami.
Na época, Bolsonaro informou ao organismo internacional que a sua gestão estaria atuando na região. Porém, o que ocorreu na verdade era mais pura omissão do ex-presidente que culminou na morte de centenas de indígenas por desnutrição e outras doenças que seriam evitadas com atendimento médico adequado.
De acordo com as informações do jornalista, o ex-presidente também prestou a mesma falsa informação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos quando interpelado sobre o que estava sendo feito para socorrer os indígenas em Roraima. Nas duas ocasiões, as mentira foi contada através de cartas enviadas pela gestão do ex-presidente às duas organizações internacionais como respostas a denúncias feitas por diferentes relatores que já apontavam que a situação entre os Yanomamis poderia ganhar a proporção de um genocídio indígena.
Nas mensagens enviadas, o antigo governo garantia que estaria atendendo os yanomamis com programas específicos, alegando que montaram uma operação de fornecimento de alimentos e alegam ter montado um departamento específico de saúde indígena para atender a população. Mencionam, inclusive, ações de controle de nível de mercúrio nas terras e citações a termos genéricos como ‘medidas para conter covid-19 e malária’. Na prática, porém, os yanomamis seguiram em situação de fome extrema e sendo atingidos por doenças evitáveis.
Nas cartas, porém, não existe nenhum indicador de resultado positivo que tenha sido obtido pelos programas que o ex-presidente alega ter desenvolvido.
De acordo com a denúncia publicada no site, a última carta-resposta enviada pelo antigo governo é datada de março de 2022, mas existem outras correspondências anteriores, o que reforça que o ex-presidente realmente se omitiu diante da crise humanitária que se abateu sobre a população Yanomami em Roraima.
Além disso, nos últimos dias vem sendo publicadas noticias a respeito de alertas de crise humanitária vitimando o Povo Yanomami feitas por outras organizações, bem como a denúncia de que Bolsonaro e seus ministros ignoraram 21 pedidos de ajuda feitos pela Hutukara Associação Yanomami diante do gravíssimo quadro de doenças e de desnutrição nas aldeias indígenas sitiadas por garimpeiros e madeireiros ilegais.
O resultado da omissão criminosa praticada pelo governo do ex-presidente foram um total de 11 mil casos de malária registrados e a morte de 570 crianças Yanomamis, além do nível de mercúrio nos rios da região ter alcançado níveis alarmantes, conforme os levantamentos já realizados.